21.5.04

O sistema Rui Jorge

O Rui Jorge foi apanhado no controlo anti-doping.

O Departamento Clínico do Sporting explicou que o jogador andava a tomar um medicamento para combater uma renite alérgica que recentemente entrou para a lista das substâncias proibidas.

O Departamento Clínico explicou que a culpa era sua, por não ter avisado o atleta a tempo. Acrescentou que assumia a total responsabilidade do sucedido.

Acredito perfeitamente que isto seja verdade.

Mas o problema não é esse. O regulamento foi infringido, e não há nenhuma maneira de se verificar se as alegações do Departamento Clínico são verdadeiras ou falsas -- admitindo que isso tenha alguma relevância para o veredicto final.

A Liga decidiu não castigar o Rui Jorge invocando o facto de o Departamento Clínico do clube veio a público assumir a responsabilidade.

O que é que isso quer dizer? O Director do Deparmento Clínico do Sporting demitiu-se na sequência dessa falha gravíssima? Foi de alguma forma punido ou multado?

Não.

Ora, assim, também eu estou disponível para assumir essa responsabilidade, ou qualquer outra que a Liga me peça.

Para falar verdade, o que pesou especialmente neste caso foi o facto de toda a gente querer o Rui Jorge disponível para jogar na selecção. O nosso sentido de justiça desportiva é bem diferente da dos ingleses, que não hesitaram em pôr fora da sua selecção o Sylvester.

Que se lixe, pois, o controlo anti-doping.

Se o Rui Jorge fosse antes jogador do Benfica ou do Porto, possivelmente ser-lhe-ia aplicado o mesmo princípio desculpabilizador.

Mas se fosse, por exemplo, do Marítimo, a história já seria outra. Lembram-se do Kenedy?

Objectivamente, as regras foram torcidas para se adaptarem a um caso particular, perante o silêncio cúmplice de toda a imprensa. É o sistema Rui Jorge em todo o seu esplendor.

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