28.10.04

Efeito de imitação

O Presidente da CP viajou hoje nalguns comboios suburbanos de Lisboa para constatar pesoalmente as condições em que as pessoas estão a ser transportadas na sequência do encerramento do túnel do Rossio.

Até aqui, tudo bem, porque é sem dúvida boa ideia que o mais alto representante da empresa fale cara a cara com os utentes dos serviços por ela prestados.

O problema é que, como resulta da própria reportagem passada nos telejornais, o que o Presidente da CP de facto fez não foi bem isso. Em vez de se misturar com os clientes da CP e interpelá-las de verdade, o que ele fez foi levar as televisões a darem um passeio de comboio para o filmarem a trocar algumas palavras de circunstância com alguns passageiros assarapantados por toda aquela encenação.

Por outras palavras, não foi uma iniciativa dirigida à auscultação do sentimento do público pagante, foi uma acção orientada para a produção de um espectáculo televisivo.

Assim se vê como o estilo do primeiro-ministro começa agora a contaminar os administradores das empresas públicas. Acreditarão eles de facto que este frenesi de relações públicas pode esconder das pessoas a ausência de trabalho real?

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