11.1.05

Sobre um comentário

J. Carraça escreveu hoje na caixa de comentários do ...Blogo Existo:

«No seu artigo, VPV foca distintas verdades que, por o serem, tornam oportuna a veleidade de não se reduzir ao silêncio. Desde logo a distribuição dos mesmos rostos de sempre pelo distintos círculos eleitorais do país, deturpando-se o objectivo original da existência dos mesmos (de cada região estar representada no Parlamento). Depois, o facto de que quem ocupa o cargo de deputado no hemiciclo da AR abdica dos seus pensamentos e princípios em prol dos interesses traçados pelas chefias dos diferentes partidos e, em maior grau, da defesa do seu tacho. Por fim, num país de liberdade todas as vozes têm a legitimidade de se querer fazer ouvir. Caso o raciocínio expresso seja criticável, então que se o critique ou se o ignore, mas não que se o amordace.»

Permita-me, caro amigo, duas ou três observações:

1. VPV foi em tempos eleito deputado, nas mesmíssimas condições que hoje acha abomináveis, enfiado à surrelfa nas listas do PSD. Pior ainda, semanas depois renunciou ao cargo sem dar qualquer satisfação aos eleitores com que agora se comove. A sibilina referência a «demitir-se no minuto seguinte» incluida no texto que critiquei e a desculpa esfarrapada que insinua é um eco longínquo desse lamentável episódio. O homem é um irresponsável e eu confesso que, depois de aturar Santana Lopes como primeiro ministro, tenho menos paciência que nunca para esta espécie de gente.

2. Ninguém ignora que temos, entre outros, um problema de qualidade da representação parlamentar, só que VPV não tem nenhuma ideia relevante a propor para resolvê-lo. Note bem que o que ele diz querer, a sua «verdade proibida», não é mudar a lei eleitoral e reformar o parlamento. É «mudar o regime», exactamente o mesmo que eu ouvi Alberto João Jardim defender há dias perante as câmaras da televisão. O que é que ele quererá dizer com isso? Se calhar, nada - mas a bujarda aí ficou lançada, à disposição dos pescadores de águas turvas que queiram pegar-lhe.

3. Quem procura uma discussão séria e fundamentada sobre o assunto, encontrá-la-á no artigo que Vital Moreira assina hoje no Público. Nunca leremos nada assim saído da pena de VPV. Porque não sabe, porque não pode, porque não quer.

Se tiver tempo, voltarei ao assunto.

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