17.9.05

Impasse?

Há anos que ouço dizer que Carmona Rodrigues é uma pessoa séria e um técnico competente. Será. Mas a verdade é que, enquanto político, limitou-se a servir de capacho a Santana, uma função que, obviamente, não o dignificou. Nada o recomenda para Presidente da Câmara de Lisboa.

E Carrilho? Mesmo deixando de lado a forma das suas intervenções públicas, que bastaria para desqualificá-lo, é preciso reconhecer que a sua pré-campanha se saldou por um completo fiasco. O seu discurso parece colado com cuspo, revelando uma surpreendente incapacidade de assimilar e articular algumas boas ideias que os assessores lhe terão assoprado. Para tornar as coisas ainda piores, dispara insensatas propostas demagógicas em todas as direcções.

O voto raramente nos permite apoiar aquela que seria, do nosso ponto de vista, a solução ideal. Resta-nos escolher um bem relativo ou, ainda mais frequentemente, um mal menor.

Nas presentes circunstâncias, o mal maior parece-me ser dar o poder a um dos candidatos suportados pelos dois principais partidos, vindicando com essa benevolência a arrogância e o desprezo pelos eleitores com que no-los impuseram.

A abstenção parece-me também uma má alternativa, porque não castigará o autismo do PS e do PSD como ele merece ser castigado.

Não me identifico com nenhuma das forças políticas que suportam os restantes três candidatos. Tampouco me sinto arrebatado pelas suas personalidades individuais. Ainda assim, acredito que qualquer um deles dará um Presidente da Câmara mais aceitável do que Carmona ou Carrilho.

Por conseguinte, se o eleitorado lisboeta não quiser fazer completa figura de parvo, tem uma saída óbvia. Quem sabe se a humilhação do PS e do PSD na capital não poderá até ser o princípio de uma viragem na governação dos partidos políticos portugueses?

O que é que temos a perder?

Sem comentários: