30.9.05

Porque sim

Seja por que misteriosa razão for, cerca de metade dos portugueses que tencionam votar nas presidenciais querem ver Cavaco Silva em Belém.

Trata-se, pois, daquilo a que se pode chamar um candidato consensual.

Tal como as celebridades são principalmente célebres por serem conhecidas, Cavaco será eventualmente Presidente porque os seus compatriotas estão convencidos de que assim será.

Quem disfruta à partida de uma posição tão vantajosa não deve arriscá-la com declarações fracturantes, susceptíveis de lançarem a confusão e de inspirarem receios na sua base de apoio.

Qualquer intenção de reformar o sistema - como querem tantos dos seus apoiantes - deve ser silenciada. A estratégia mais inteligente é, nas presentes circunstâncias, a defesa.

Cavaco candidatar-se-á porque sim. Algumas banalidades bem embrulhadas bastarão para compor um discurso ganhador.

Com isto, suscitará inevitavelmente a irritação dos exaltados que, na sua entourage, apostavam tudo no golpe constitucional.

Para dar expressão a essa ala, é possível que Portas avance. Isso permitir-lhe-á satisfazer a vaidade pessoal, mas não creio que prejudique as chances de eleição de Cavaco, embora possa forçá-lo à segunda volta.

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