22.10.05

Debicando os fígados de Prometeu

A cartilha reaccionária consente ser resumida em apenas dois artigos de fé:

1. Este mundo é um vale de lágrimas feio, porco e mau, mas, no essencial, é impossível mudá-lo para melhor.

2. Quando se procura mudá-lo para melhor, o resultado final é ainda pior que a situação de partida.

No seu artigo estampado no Público de ontem e reproduzido no Abrupto, retoma essas teses sob uma forma contemporânea.

O que alega é que, apesar dos progressos da ciência e da medicina modernas, estamos hoje ainda mais expostos aos perversos ataques da Natureza, na medida em que as mutações vão tornando os virús cada vez mais resistentes aos antídotos que inventámos para combatê-los.

Será impressão minha, ou não haverá aqui um secreto regozijo perante a eventualidade dos milhões de mortes que a gripe das aves alegadamente poderá causar?

E morrerão as vítimas mais felizes por saberem que o seu sacrifício corroborá as teses do reverendo Malthus de que, pelos vistos, Pacheco Pereira comunga?

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