9.9.06

O que fazem os dirigentes desportivos?

Em que ocupam o seu tempo os dirigentes desportivos? Quem tenha estado atento aos meandros do "Caso Mateus" e do "Apito Dourado" sabe que os pobres têm uma agenda extremamente sobrecarregada.

Ora vejam. Eles assistem aos treinos, dão dois dedos de conversa com os treinadores, almoçam, assinam cheques, recebem agentes de jogadores, telefonam aos árbitros, petiscam, dão entrevistas aos jornais desportivos, fecham contratos ao telemóvel, jantam, participam em debates televisivos, encontram-se nos bares para assinar as actas das reuniões, discutem transferências e participam nas reuniões da UEFA. No meio destes afazeres, quando o tempo o permite, combinam encontros com umas gajas.

Ora sucede que os dirigentes dos clubes, das federações e da Liga são, na sua esmagadora maioria, empresários, juizes, deputados, comerciantes, advogados e autarcas, que trouxeram para o futebol o mesmo estilo de trabalho (chamemos-lhe assim) que praticam nas suas actividades profissionais originárias.

Eles são, ao que tudo indica, adeptos do management by walking around, do networking, de estruturas organizacionais leves e horizontais. Encorajam a informalidade e a iniciativa individual, prezam a gestão por objectivos e a responsabilização pelos resultados. No plano dos princípios, não se deixam prender por dogmas ou ideias feitas. Colocam acima de tudo a lealdade ao grupo. Privilegiam as redes efémeras e ágeis. Acreditam que a execução deve ter primazia sobre a estratégia. Movimentam-se num mundo sem fronteiras, no qual o dinheiro e as mercadorias circulam a alta velocidade.

Numa palavra, são pessoas modernas e desempoeiradas, perfeitamente sintonizadas com os mais actualizados paradigmas da gestão - e nós estamos fritos por vivermos num país comandado por gente assim.

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