27.11.06

Ilhas de prosperidade

Querem mesmo imitar Singapura? A sério? Então vamos fazer o seguinte.

No nosso país, quase 50% da riqueza concentra-se nuns 10 concelhos. Se esses 10 concelhos se independentizassem, criar-se-ia um país altamente.

Mas isso seria um tanto complicado porque não há continuidade territorial entre todos eles. De modo que o plano poderia ser um bocadinho diferente.

Lisboa declararia a independência. Na margem Norte, ficaria com os concelhos de Lisboa, Oeiras, Sintra e Cascais. Na margem Norte, agregaria apenas Almada. Tudo o resto ficaria para Portugal.

O novo país - chamemos-lhe Nova Lisboa, visto que a cidade angolana do mesmo nome adoptou outra designação - guardaria para si os bancos, as seguradoras, as telecomunicações e as sedes de todas as grandes empresas industriais e de serviços. Reteria, no máximo, uns 20% dos funcionários públicos existentes. Acabaria com o exército e, em contrapartida, criaria uma imponente força policial para patrulhar as suas fronteiras. Os portugueses de Loures, Amadora, Barreiro e por aí fora, necessitariam de passaporte para virem trabalhar em Nova Lisboa. Evidentemente, seriam proibidos de ter acesso às praias da Caparica e da Linha. De vez em quando, o Benfica faria uma digressão por Portugal para gáudio dos indígenas.

Nova Lisboa tornar-se-ia numa sociedade próspera e competitiva, ao nível dos países mais evoluídos da Europa. Não teria de preocupar-se com o desenvolvimento do interior e das Ilhas. Não teria que financiar a construção de auto-estradas para Trás-os Montes. Não teria que subsidiar o ensino das crianças de aldeias longínquas. Não teria que tratar das doenças dos alentejanos. Essa inenarrável perda de tempo e de recursos que dá pelo nome de agricultura seria lançada às urtigas. A floresta poderia arder à vontade.

Em suma, esse país modelar povoado quase em exclusivo pela classe alta servida por criadagem portuguesa da província poderia dedicar-se inteiramente e sem estorvos à criação de riqueza.

Só haveria um problema: tenho a impressão de que os "doutores do Porto", como lhes chama o Franco Atirador, não iriam gostar.

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