13.4.07

"A Grande Suspeita"

Mais um comentário inteligente sobre o-assunto-que-vocês-sabem, do qual gostaria de destacar sobretudo as linhas que aqui reproduzo:
"Na cabeça de quem vê estas coisas a preto e branco, e são cada vez mais, são tão legítimas as suspeitas de que Belmiro de Azevedo, José Manuel Fernandes, Ricardo Dias Felner possam estar ilegitimamente conectados em todo este processo, como as de que José Sócrates, Luis Arouca, Armando Vara e o professor das quatro cadeiras o possam estar também. É claro que se acharmos que Belmiro de Azevedo, José Manuel Fernandes, Ricardo Dias Felner * não estão ilegitimamente conectados poderemos tender para a ideia de que o mesmo não se passa com os outros. E o contrário. Estamos mais predispostos a pensar que eles estão a promover uma vingança contra José Sócrates se tendermos para a ideia de que nada de ilegítimo conecta Sócrates com o seu antigo professor, com Luís Arouca ou com o próprio Armando Vara.

"Só que há aqui algo mais complicado: hoje chegámos a um momento onde parece ser insensato não ter suspeitas ou suspeições de alguma espécie. O pior não é tudo poder ser escrutinado. Que o seja. Escrutinado, questionado, interpelado. O problema não é esse. O problema é o elevado rendimento que a suspeição em forma de argumento parece ter. É um produto branco do pensamento social contemporâneo e abriga-se na impunidade a que as fábricas ideológicas têm ainda hoje devido à inexistência de controle de qualidade nos seus processos de fabricação.
(...)
"Como é que saímos daqui? Talvez seja uma ideia errada, a de sair. Se isto é o pântano, qualquer movimento para sairmos tenderá a afundarmo-nos mais. Foi uma péssima ideia termos vindo para aqui assentar arraiais, temos de reconhecer, mas aqui chegados, como é que sobreviveremos não ao pântano, mas no pantâno? Talvez seja boa ideia drenar alguns terrenos. Ou seja, habituarmo-nos à ideia de que o pior não é a suspeita, nem a suspeição. É aceitarmo-la enquanto argumento."

Sem comentários: