19.7.07

Livre câmbio e desenvolvimento



É costume ensinarem-nos que, ao longo do século XIX, a Inglaterra alcançou a hegemonia económica mundial em boa parte devido à sua abertura à concorrência económica internacional. Em contrapartida, países mais dados ao proteccionismo - como, por exemplo, a França - ficaram para trás.

O gráfico acima reproduzido, que fui buscar aqui, conta uma outra história. De facto, até 1880 a protecção alfandegária inglesa foi sempre superior à francesa; só depois dessa data as posições se inverteram, mas, ainda assim, sem que o proteccionismo francês se distinguisse acentuadamente do inglês.

Por conseguinte, foi só depois de se ter tornado no país mais desenvolvido do mundo que a Inglaterra reduziu drasticamente as taxas sobre os produtos importados. O seu caso não é excepcional: praticamente todos os países que hoje se encontram à frente protegeram mais ou menos as suas indústrias nos primeiros estágios do crescimento.

Dizer isto não é dizer que o livre câmbio não tem vantagens, e muito menos que, na actualidade, um país como Portugal teria algo a ganhar com o proteccionismo. Mas não faz sentido que as grandes potências exijam aos países mais atrasados que se abram mais rapidamente à concorrência do que elas próprias o fizeram, por que quase seguramente essa não será a melhor política.

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