19.10.07

De novo sobre populistas e anti-populistas

Se bem entendo o que o Pedro Magalhães diz no artigo que há dias aqui recomendei, ele acha que nem o populismo é propriamente um fenómeno novo no PSD, nem a política portuguesa no seu todo é virgem nessa matéria.

Concordo, tal como também concordo quando ele faz notar que a novidade do fenómeno Menezes é mais de grau do que de natureza. Dito isto, creio detectar no artigo uma certa subestimação dos riscos inerentes à transformação agora ocorrida na liderança do PSD.

A degradação do ambiente político opera de forma gradual e progressiva, mas é de temer que, passado um certo ponto, ela possa vir a revelar-se irreversível.

Parece-me útil sublinhar que o populismo contemporâneo é impulsionado pela imposição de uma agenda mediática que privilegia o sensacionalismo e a superficialidade. Pelo que se tem visto, os partidos (particularmente os nossos, cuja fragilidade é bem conhecida) são meros joguetes nas mãos desse poder superior.

Ora, como o caso McCann recentemente nos recordou, é hoje muito fácil a quem disponha dos meios para tal ditar a seu bel-prazer aquilo que deve ocupar a discussão pública durante semanas ou meses a fio.

O que estou a sugerir é que faz falta explorar as ligações ocultas entre a plutocracia que de modo cada vez mais evidente comanda os destinos das nossas sociedades desenvolvidas e o populismo de inspiração mediática. Há, diria eu, método nesta loucura.

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