31.1.08

Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço

Imaginemos que o FMI era chamado a intervir nos EUA para ajudar a fazer frente à calamitosa situação económico-financeira actual. Qual seria a receita proposta?

É muito fácil de adivinhar: aumento da taxa de juros, subida da carga fiscal, contracção da despesa, tudo tendo em vista estimular a poupança pública e privada, equilibrar as contas públicas e melhorar a competitividade externa.

Consequências inevitáveis: quebra do consumo e do investimento e subida em flecha do desemprego; muita gente incapaz de pagar as suas hipotecas a ser despejada das casas que habita; agitação social galopante. Não dava nenhum jeito em ano de eleições, pois não?

Pois é, mas esta receita tem sido imposta sem apelo nem agravo um pouco por todo o mundo, desde a Indonésia à Argentina, sem esquecer as nossas duas crises financeiras de 1978 e 1982. Nessas alturas, os sacrifícios impostos eram declarados inevitáveis para forçar os povos atingidos, alguns bem miseráveis, a "não consumirem mais do que produziam".

Temos que entender que os americanos são demasiado frágeis e sensíveis para poderem suportarem taxas de desemprego elevadas. Para eles, e só para eles, a recessão deve ser evitada baixando os juros e os impostos para estimular o consumo.

Tudo o que vos contaram era mentira.

Sem comentários: