24.4.08

Democracia a sério



Aparentemente, também o Expresso desta semana se irrita um bocadinho com a teimosia de Hillary Clinton em travar o seu combate até fim, aproveitando de passagem para fazer uma comparação descabida com a polémica vitória de Bush nas eleições que o opuseram a Al Gore.

Acreditam alguns que o confronto Hillary-Obama enfraquece o Partido Democrático, argumento que espanta não provindo de inimigos da liberdade.

Bem pelo contrário, a entusástica mobilização popular em torno das duas candidaturas tem contribuido para impor na praça pública a agenda democrática, particularmente no que toca à urgência de reduzir as desigualdades acumuladas nos últimos anos e alargar a cobertura dos cuidados de saúde.

Será isto perigoso?

Além disso, a alegada acrimónia entre Hillary e Obama reduz-se de facto a algumas picardias pontuais que os media sem grande êxito se esforçam por acirrar. O que acima de tudo tem ressaltado é o carácter altamente civilizado do confronto, sobretudo se comparado com os níveis de má educação que pautam a actual polémica no interior do PSD.

Ir até ao fim não é sinal de egocentrismo, mas de saudável persistência no combate por aquilo em que se acredita. Se os apoiantes de Hillary não acreditassem nisso, abandoná-la-iam à sua sorte.

Decididamente, há quem só tolere a democracia quando as potenciais divergências são abafadas pela pressão do unanimismo.

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