30.6.08

José Manuel Moreira, mais um grande especialista em economia irlandesa

Diz que não viu por lá nem auto-estradas, nem TGV.

Espero que não tenha sido obrigado a chegar à Irlanda a nado nem a calcorrear a ilha a pé.

PS - José Manuel Moreira acrescentou que a Noruega também não tem estradas. Meu Deus, como é que ainda não lhe ocorreu o exemplo da Islândia? Seria a estocada final.

PPS - O Afeganistão não tem um só quilómetro de linha de caminho de ferro, notem bem. E ninguém se queixa disso.


Anne Leibowitz.

29.6.08



Anne Leibowitz.

28.6.08



Annie Leibowitz.

Filosofia de jogo

O Benfica decidiu poupar na compra de jogadores para poder investir mais em advogados.

27.6.08



Anne Leibowitz.

Especulando sobre a especulação



Fazendo coro com a corrente de opinião dominante, o Expresso desta semana responsabiliza os especuladores pelos valores record atingidos pelo preço do petróleo.

É uma opinião legítima, que eu próprio sustentei há alguns meses, mas que carece de corroboração empírica. De facto:
1. Não há indícios de que o petróleo armazenado com intuitos especulativos se encontre a níveis historicamente elevados.

2. O preço do petróleo nos mercados de futuros tem-se situado sempre abaixo do preço no mercado spot.
Em que factos se baseiam então aqueles que apontam o dedo à especulação? Talvez tenham razão, mas a mera opinião deste ou daquele indivíduo não conta como facto relevante.

Para um argumento de autoridade, consultar o artigo de Paul Krugman no New York Times desta semana (Fuels on the Hill) e os diversos posts que tem dedicado ao assunto no seu blogue (The Conscience of a Liberal).

26.6.08



Anne Leibowitz.

Valer pouco

No século passado, houve na Inglaterra uma escola filosófica para a qual a tarefa dos filósofos consiste exclusivamente em desmontar os vícios de raciocínio dos filósofos.

Uma coisa interessantíssima, como vocês imaginam.

Hoje, porém, dei comigo a pensar que algo semelhante - ou seja, comentadores a apontarem a dedo os desatinos de outros comentadores - teria uma utilidade crucial para a sanidade mental do país no que ao futebol respeita.

Eis o que acabo de ler da pena de um dos que, pela sua habitual sobriedade, mais aprecio:
"A Alemanha está na final do Europeu, pode até ser campeã mas, deixem-me que vos diga, como equipa, vale pouco. Bastou ver a meia-final de ontem, contra a Turquia, para perceber que devia ter sido fácil a Portugal fazer mais."
Isto está quase, quase, quase certo. A bem dizer, bastava o futebol ser um jogo completamente diferente daquilo que é para nos encontrarmos perante uma opinião válida e perspicaz.

A Alemanha, como equipa, "vale pouco", não é? Imaginem se valesse muito!

(A identidade do autor das linhas citadas não interessa. Eu nunca faço ataques pessoais, excepto quando estou para aí virado.)

Quando uma borboleta bate as asas na China, o Ricardo chega atrasado a um cruzamento

“Estes tipos não percebem nada de futebol.” – explicou Marlon, futebolista brasileiro exilado nas Ilhas Faroé, ao jornalista Alex Bellos – “Nem sequer se benzem antes de começar o jogo!”

Os nossos comentadores desportivos são gente demasiado moderna para comungar de tais teses. De modo que, em vez de dizerem: “O Deco não se benzeu, mau sinal!”, dizem antes: “O 4-2-3-1 do seleccionador alemão anulou a equipa portuguesa”. Na verdade, são tão supersticiosos como o tal Marlon.

Acredito que o fascínio do futebol resulta de ninguém perceber ao certo como é que a coisa funciona. Tal como na filosofia, o espanto é o ponto de partida, complementado por um irresistível desejo de encontrar para o resultado uma explicação plausível.

A tese reducionista ingénua sustenta que a equipa vencedora será por força a que incluir os melhores jogadores, esquecendo-se de que, se isso fosse verdade, a Liga dos Campeões de 2004 teria sido ganha pelo Real Madrid, não pelo FC Porto. Conscientes desta verdade trivial, a maioria dos entendidos deposita antes a sua confiança na táctica escolhida (4-3-3 ou 4-4-2?), mas todos sabemos que os jogadores só se dispõem desse modo no terreno quando a bola vai ao centro. Assim que o jogo começa, a táctica varia de minuto para minuto ao sabor das acções e reacções das duas equipas.

Apesar de jogado num rectângulo de reduzida dimensão por apenas 22 jogadores, o futebol é um jogo de enorme complexidade, dadas as infinitas combinações que admite. Uma equipa que estava a jogar maravilhosamente, desune-se subitamente e nunca mais se reencontra. Outra, pela qual já ninguém dava nada, transcende-se e, sobrevivendo a três remates do adversário ao poste, ganha no último minuto com um golo talvez marcado em off-side. Não há dois jogos iguais, nem há dois golos iguais.

É certo que, a posteriori, o resultado de um jogo de futebol parece uma coisa tão lógica e natural que quase somos levados a crer estar escrito que as coisas teriam forçosamente que ter sido como foram. A verdade, porém, é que a minima incidência do desafio pode afectar de modo decisivo todo o seu decurso. Por isso, o resultado final depende de uma variedade de não sei quês, que não só ninguém consegue prever com antecipação, como, mesmo a posteriori, é muito difícil entender plenamente. Perde-se por quase nada, do mesmo modo que, doutras vezes, se ganha sem saber como nem porquê.

Tal como o futebol, também a economia é, por maioria de razões, um sistema dinâmico complexo. Os comportamentos dos agentes individuais propagam-se de forma imprevisível através de uma longa cadeia de interacções, produzindo resultados inesperados e súbitas mudanças ao nível agregado. A instabilidade é a regra.

A teoria económica tradicional, porém, presume que os mercados se ajustam continuamente em pontos de equilíbrio determinados pela intersecção da oferta com a procura, e postula que qualquer desvio será anormal e temporário. Armada de modelos microeconómicos simplistas, atreve-se a prever, por exemplo, que a fixação de um salário mínimo aumentará o desemprego, embora, excepto se o seu valor for muito elevado em proporção do salário médio, a tese não seja corroborada experimentalmente.

Uma boa parte da teoria económica ensinada nas escolas assenta em bases empíricas limitadas e em generalizações abusivas, o que não coibe certos opinadores de nela se apoiarem para proclamar os seus preconceitos ideológicos, como de certezas inquestionáveis se tratasse.

Alguns treinadores impõem às suas equipas esquemas tácticos muito rígidos; outros, gritam continuamente do banco instruções pontuais. Os melhores, ao invés, esforçam-se por preparar os seus futebolistas para saberem reagir psicológica e tacticamente às situações de jogo mais variadas e imprevisíveis.

No mundo empresarial passa-se algo semelhante; mas, disso, os economistas ortodoxos não sabem nem querem saber.

(Artigo publicado no Jornal de Negócios de ontem.)

25.6.08



Annie Leibowitz.

Jogar à bola cansa

Os comentadores desportivos de sofá esquecem-se por vezes que correr atrás da bola cansa.

A mera consideração deste facto elementar protegê-los-ia de muita asneira.

Às vezes, a tolice quotidiana cansa um bocadinho

De vez em quando, aparecem uns tótós a perguntar por que é que precisamos de um TGV para nos ligar à Europa se a Irlanda e a Suécia não o têm.

Eu convido-os a darem uma olhadela ao mapa da Europa e a considerarem um pouquinho como será possível ligar Dublin ou Estocolmo ao Continente por TGV.

"Às vezes m'espanto, outras m'avergonho"

Como é possível alguém com uma formação académica, um longo trajecto político e uma considerável experiência de vida acreditar que:

a) Falar nas entrelinhas é eticamente reprovável;

b) Não falar nas entrelinhas é possível?

Alguém quer explicar?

Tal como o Câmara Corporativa, também eu me tenho interrogado que sentido faz o Banco Central Europeu recorrer a uma política monetária restritiva para travar a inflação importada.

Por outras palavras: se a inflação é importada por via do aumento dos preços do petróleo e dos bens alimentares nos mercados mundiais, como poderá ela ser contrariada travando a procura interna?

A política monetária europeia pode eventualmente combater as tensões inflacionistas com origem interna, não as que vêm de fora.

Ainda bem que não sou só eu que não entendo.

Chefe da Siemens diz que os seus gestores são demasiado Alemães, brancos e masculinos

Peter Loscher, CEO da Siemens, citado pelo Financial Times de hoje:
"The management board are all white males. Our top 600 managers are predominantly white German males. We are too one-dimensional."
Curioso, a teoria económica não se preocupa com estes assuntos.

Ninguém dá uma ajuda ao pobre Vieira?

24.6.08



Annie Leibowitz.

Um gráfico para acabar com a discussão



Como se pode ver neste gráfico surripiado aqui, o preço do petróleo no mercado de futuros está mais baixo do que no mercado spot. Nestas condições, como pode alguém pretender que a actual alta de preços é impulsionada pela especulação?

23.6.08



Annie Leibowitz.

Cambada

«Manuela Ferreira Leite chega à liderança do PSD de mão dada com a chatice e a maçada, zangada com o mundo mediático que a acolhe e no qual vai ter de viver (contrariada, é bom de ver), e focada num discurso onde a cada passo parece chamar a todos nós, cidadãos espectadores da politica nacional, “cambada de mentecaptos eternamente manipulada pela politica espectáculo e seus actores de serviço”.»

Ler o resto no blogue de Pedro Rolo Duarte.

Azar!



Um pobre de Cristo que comentava ontem em directo na TV o Itália-Espanha repetia incansavelmente que 22 de Junho era um dia aziago para a Espanha porque a sua selecção nunca ganhara um jogo nesse dia.

Sou capaz de ir mais longe do que o homem e apostar que qualquer selecção europeia perde proporcionalmente mais jogos em Junho do que noutro mês qualquer. Não por causa do mau olhado, mas porque nos restantes meses do ano tem uma maior probabilidade de defrontar em jogos amigáveis ou de qualificação equipas mais fracas.

É que, em Junho, os confrontos são quase sempre contra equipas qualificadas para as fases finais do Europeu ou do Mundial... Não admira que seja mais difícil ganhar-lhes.

Com a minha notável perspicácia, sou até capaz de prever que, quanto mais avança o mês de Junho, maior o risco de insucesso.

Petróleo e especulação



Tenho feito notar que, se a especulação fosse um factor decisivo para explicar o elevado preço do petróleo, os stocks deveriam encontrar-se a níveis historicamente muito elevados, o que não é o caso.

A isto responde-se por vezes que, tendo a especulação lugar nos mercados de futuros, o que se acumula são promessas de compra, não stocks.

A falha deste raciocínio é que permite explicar por que é que os preços estão elevados nos mercados de futuros, mas não nos mercados spot.

Se, apesar de o preço estar alto, toda a produção é vendida, isso significa que há procura para esse preço, seja ela para consumo imediato ou para armazenamento especulativo.

Se a procura para stocagem for baixa, então a quase totalidade da produção destinar-se-á a consumo; logo, o preço será fundamentalmente determinado pelas condições actuais do mercado, não pela previsão de como elas poderão evoluir.

Inversamente, se o preço actual fosse excessivo para as necessidades imediatas, ele só poderia manter-se se a procura para armazenamento impulsionada pela especulação fosse muito elevada. Dessa forma, a expectativa de preços elevados revelada nos mercados de futuros repercutir-se-ia sobre os preço actuais.

Por conseguinte, é evidente que a especulação só poderá explicar o nível actual do preço do petróleo por via da acumulação de stocks. Note-se que eu não digo que esses stocks não existem, apenas que ainda ninguém conseguiu descobrir onde se encontram.

Essas cabecinhas...

Como é evidente, no ano que falta para as próximas eleições, Sócrates não vai fazer outra coisas senão distribuir benesses sociais a torto e a direito para acentuar as suas preocupações com a desigualdade e ganhar votos.

Não me parece, por isso, grande ideia Manuela Ferreira Leite oferecer antecipada e gratuitamente a sua benção urbi et orbe às políticas sociais que o governo prepara.

Pois não é essa a consequência inevitável da sua proclamada aflição com o sofrimento dos pobres? Que irá ela poder dizer quando Sócrates começar a abrir os cordões à bolsa?

Desde 23.6.03

21.6.08



Annie Leibowitz.

O não sei quê e o quase nada



Acho fascinantes as explicações que leio e escuto para a derrota portuguesa face à Alemanha.

A estratégia do seleccionador alemão foi brilhante. O anúncio da ida de Scolari para o Chelsea desmoralizou os jogadores. A equipa entrou medrosa no jogo. Não temos pontas de lança. O guarda-redes é muito fraco nos cruzamentos. Os suplentes não estão à altura. E assim sucessivamente.

A posteriori, o resultado de um jogo de futebol parece uma coisa tão lógica e natural que, independentemente das incidências do jogo, quase somos levados a crer que estava escrito que as coisas teriam forçosamente que ter sido como foram. Em nenhum outro domínio parece fazer tanto sentido o fatalismo.

Considere-se, porém, o seguinte:

1. Uma reacção inteligente de um ou dois jogadores, alterando ligeiramente a sua posição em campo, teria permitido desarmar a táctica germânica.

2. Jogadores habituados às exigências da alta competição e apostados em serem campeões da Europa não se deixariam normalmente abater pela saída do treinador no final do torneio.

3. Uma entrada cautelosa no jogo não é pior do que uma entrada confiante.

4. Desta vez, os pontas-de-lança marcaram dois golos.

5. Não conheço nenhum guarda-redes capaz de impedir aqueles golos alemães.

6. Os suplentes construiram e concluiram a jogada do segundo golo português, e mantiveram a equipa alemã em estado de alerta até ao último segundo da partida.

Mas, acima de tudo, é forçoso reconhecer que, se João Moutinho não tivesse falhado um tento fácil quando o resultado se encontrava ainda empatado a zero, tudo se teria provavelmente passado de um modo distinto.

Não me lembro de ver uma equipa da Alemanha festejar de forma tão efusiva uma vitória sobre a selecção portuguesa, ainda por cima nuns meros quartos de final. Aparentemente, eles acharam o desafio mais difícil do que os maníaco-depressivos que nos últimos dias sobre nós derramaram as suas análises.

A verdade é que, entre equipas fortes de nível idêntico, o resultado final depende de uma infinidade de não sei quês, que não só ninguém consegue prever a priori, como, mesmo a posteriori, é muito difícil entender plenamente. Perdemos por quase nada, do mesmo modo que, doutras vezes, ganhámos sem saber como nem porquê.

O racionalismo mecanicista aplicado ao futebol é uma fraude ou, pior ainda, uma anedota.

Coisas de que não se fala

Segundo o Wall Street JournaL de ontem, o índice composto das acções cotadas na Bolsa de Xangai revela que elas perderam 48% do seu valor nos ultimos 12 meses. Entretanto, o índice equivalente da Bolsa de Mumbai (Índia) caíu 26% no mesmo período.

A inflação aproximou-se recentemente dos 9% na China e dos 10% na Índia. Durante meses, os governos chinês e indiano têm resistido ao aumento dos preços dos combustíveis, que nesses países permanecem tabelados. Ontem, a China autorizou finalmente um aumento de 18%.

É altamente provável que a competitividade das exportações chinesas e indianas esteja a reduzir-se, tanto mais que a alta do petróleo afacta directamente o custo do seu transporte para os mercados europeus e americanos.

20.6.08

Felipão

Em Inglaterra, já há quem esteja à coca:

It’s hard to know who’s happier — Chelsea or the tabloids. For the tabloids, “Big Phil” is perfect. From central casting. He’s already got a nickname - which they never managed with Avram Grant. And he’s famous. He’s won the World Cup and has managed a very successful Portuguese team with household names like Figo, Cristiano Ronaldo and Deco. And he’s a character (apparently). As for Chelsea, he’s perfect. he’s famous. He’s won the World Cup and has managed a very successful Portuguese team with household names, etc, etc. He might keep Carvalho at Stamford Bridge and might lure Deco over from Barcelona and keep him out of the clutches of Mourinho. And, crucially, he’s big enough a name, to prevent the expected exodus this summer.

If he’s perfect for Chelsea, Chelsea also happen to be perfect for him. They’re rich, he’s inheriting a good side and they’re used to very defensive football.

1) Scolari likes money. After all, he spent much of the 1980s and early 1990s in the middle east managing three different clubs in Kuwait and Saudi Arabia as well as the Kuwait national team (one of five Brazilian coaches in three years in the early 1990s) and a Japanese club side in 1997. So it’s not altogether a surprise that he returned Peter Kenyon’s call. Also, coincidentally, Palmeiras in Sao Paulo were the richest club in Brazil when he was there because of a sponsorship deal with the Italian dairy giant, Parmalat. That sponsorship deal finished the year he left for Cruzeiro, his last club job, where he won nothing — they came 3rd in the Brazilian leaguie in 2000 and 21st in 2001. He then left to manage Brazil.


2) He likes inheriting good sides. Yes, he led Brazil to win the 2002 World Cup but it helped having Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo and Roberto Carlos at their peak. Not bad. Ronaldo scored eight goals in that tournament and Rivaldo five. They also had a fab draw. Their group consisted of Turkey, China and Costa Rica, then Belgium and England in the early knockout stages, a narrow 1-0 victory over Turkey in the semis and then Germany in the Final. It was a strange World Cup (Turkey and South Korea in the semis) and Brazil won it playing only one top team. All eyes were on Ronaldo, Rivaldo and Ronaldinho. Why not? They scored 15 of Brazil’s 18 goals in seven matches. It was easy to miss the superb defence: four goals conceded in seven. That is the ‘Big Phil’ way.

He then inherited his second great team at Portugal. More precisely, he inherited the remains of the ‘golden generation’ who had reached the semis of the 2000 European Championship — Figo, Rui Costa, Couto, Pauleta. And he added the new golden generation: Cristiano Ronaldo, Deco, Carvalho and Maniche, all of whom started playing for Portugal in 2003. It was a superb mix of young and old, exciting attack and strong defence. And they were the host nation. What could go wrong? They got to the Final but they only won three games out of six, scoring a measly eight goals in six games. They reached the final because they only conceded six. Another Scolari solid defence.

Then the 2006 World Cup. Again hardly any goals, even with Figo and Cristiano Ronaldo. Six goals in six games, but they were almost impossible to score against, conceding only two goals, one of those a Zidane penalty that knocked them out in the semis (1-0). But the problem was they just couldn’t score. They beat the Netherlands 1-0 in the famous last 16 punch-up (16 yellow cards, four red cards); they couldn’t even score against England, winning on penalties in the quarter-finals and then couldn’t score, again, against France in the semis.

3) This is the secret to Scolari’s success — a great defence. Like Ranieri, Mourinho and Grant he builds from the back. The difference is that Scolari’s had some luck: he’s inherited Ronaldo, Rivaldo and Ronaldinho at their best, and then Figo, Deco and Cristiano Ronaldo at their best. That’s pretty good. Have a great defence and then strikers like that and you should be OK.

The question at Chelsea, then, is if he loses Drogba and Lampard, who will score Scolari’s goals? Until the last moments, United were going to win the League on goal difference because they had scored so many more goals than Chelsea. In the FA Cup final Mourinho won in 2007 and in the Champions League Final in 2008 they managed one goal in each game. From Drogba and Lampard, of course. So goals is an issue for Chelsea. Great defence, great midfield and dodgy attack. And then they hire Scolari, whose story for the past decade is great defence, great midfield and surprisingly few goals given that he’s had some of the greatest forwards in the world. “Big Phil”? Really??

17.6.08

A Drª Manuela está em Londres com o neto

Cada um tem a sua técnica de encher a boca de bolo rei para evitar prestar declarações. Não percam os próximos episódios.

De derrota em derrota até à vitória final

Nós, os bons europeus, não temos razões para nos alegrar com o resultado do referendo irlandês, porque, na ausência do Tratado de Lisboa, ganham aqueles que gostariam de transformar a União Europeia num mero espaço de comércio livre ao jeito da defunta EFTA. Vocês sabem de quem estou a falar.

Mas também não temos razão para nos carpirmos, não só porque o Tratado consagraria o domínio de um pequeno grupo de países sobre o conjunto da União, como também porque instâncias importantes de poder permaneceriam totalmente fora do controlo do Parlamento Europeu.

A via Sarkozy para a reforma europeia - parlapatice, cosmética e bullying - é inaceitável, pelo que é tempo de considerar as alternativas.

A primeira questão importante é esta: reforma para quê? O argumento dominante tem sido tecnocrático: trata-se de simplificar os procedimentos para acomodar a entrada de novos membros, de modo que acabariam, por exemplo, as presidências rotativas e a distribuição dos comissariados por todos os países membros. É natural que isto não só não entusiasme ninguém como desperte desconfiança em muitos, entre os quais me incluo.

Para mim, o essencial é democratizar a União Europeia, acabando com os poderes não eleitos nem responsáveis perante os representantes dos eleitores. Isso implica duas coisas: criar um verdadeiro Estado europeu, e construi-lo segundo o modelo federal.

A forma mais óbvia de fazê-lo consistiria em eleger uma Assembleia Constituinte e encarregá-la de redigir um projecto de Constituição Europeia. Os países que a adoptassem passariam a reger-se por ela, os restantes seriam convidados a assinar acordos de associação.

Recorde-se que, em 2001, 77% dos europeus declararam-se a favor de uma Constituição Europeia. Sendo assim, por que é que isso não se faz? Fundamentalmente, porque o projecto de uma Europa de cidadãos foi preterido em favor de uma Europa de estados, de modo que as posições em confronto não são as dos partidos, mas as dos países. A França acha isto e o Reino Unido acha aquilo, mas o Partido Socialista e o Partido Popular Europeu não acham nada.

Estamos muito longe - talvez cada mais longe - da Constituição Europeia e da Europa federal, porque não há literalmente nenhuma movimentação política de relevo orientada para esse propósito. De nada vale um objectivo sem uma estratégia para lá chegar.

Miguel Portas defendeu há dias, em nome do Bloco de Esquerda, que o próximo Parlamento Europeu, a eleger em 2009, deverá ser investido de poderes constituintes. Mas como podemos levar a sério uma tal declaração vinda de um partido que não só tem uma atitude ambígua em relação à União Europeia, como recusa por princípio dois dos seus traços centrais, a saber os princípios do comércio livre e da livre circulação dos trabalhadores?

Entre nós, os comunistas e os bloquistas fazem todos os dias propaganda contra a própria ideia da União Europeia, quando é absolutamente evidente que são os trabalhadores quem mais tem a ganhar com uma Europa federal e democrática.

É também esta falta de seriedade e esta estreiteza de vistas que, de momento, nos impede de ir mais longe.

Galo

Agora que eu acabei de apostar todas as minhas economias, é que ele avisa...

15.6.08

"Vais ver co Platini tamém já foi à fruta"

No 120º aniversário de qualquer coisa



"Extraviámo-nos a tal ponto, que devemos estar no bom caminho."

Fernando Pessoa

Ver ao longe



Informa-nos o Público de hoje, a propósito da edição do 14º volume da colecção Grandes Pensadores, dedicado a Marx, que o teórico do comunismo moderno escreveu em 1871 "A Guerra Civil em Espanha".

Notável, a presciência do homem.

14.6.08

"Pá semana vais ter que largar a viola e voltar pó camião"

13.6.08

Festejos

Parece que um argumento decisivo para a vitória do Não na Irlanda foi a convicção de que dessa forma se impediria a legalização do aborto. Bloquistas e comunistas exultam com esse facto, tal como no passado se congratularam com os resultados de referendos na França e na Holanda fortemente determinados por motivações chauvinistas e racistas.

FC Porto vai jogar a Liga dos Campeões

O chefe da quadrilha

Apesar de tudo, confesso-me surpreendido pela revelação do Diário Económico:
António Lóios, o auto-intitulado porta-voz da comissão de camionistas responsável pela paralisação nacional da última semana, tem uma carreira política intimamente ligada ao PSD, segundo apurou o Diário Económico. O que confirma as acusações que lhe têm sido dirigidas por parte de vários membros da direcção da ANTRAM.
O mínimo que se exige é que a super-credível Manuela Ferreira Leite promova a expulsão do bandoleiro.

12.6.08

Muppets: Mahna Mahna

Simulacro

A fazer fé no que sobre o assunto nos dizem os jornais de hoje, sou forçado a reconhecer que o acordo entre o governo e os camionistas é mais uma anedota do que uma cedência.

Mas não esqueçamos que, em política, o que parece é.

11.6.08

Randy Newman: Simon Smith & His Amazing Dancing Bear

Jogar sem bola

A contratação do Scolari pelo Chelsea prova que o Abramovitch esgotou a sua reserva de intuição futebolística no dia em que chamou o Mourinho.

Muppets: Simon Smith & His Amazing Dancing Bear

Descalabro governativo

A ser verdade o que leio no Visto da Economia, parecem-me absurdas as concessões que o governo se prepara para fazer às empresas de camionagem.

Ora vejamos:

1. A indexação dos fretes ao preço do gasóleo é uma iniciativa que põe em causa a livre formação dos preços. Desconfio que é ilegal.

2. Idem quanto à obrigação de os clientes pagarem a 30 dias, para além de que não vejo como será possível fiscalizar e impor a aplicação da norma.

3. Não entendo porque é que a possibilidade de só pagar o IVA depois de recebido o pagamento dos clientes apenas se aplicará à camionagem, para além de também não entender como vai a administração pública fiscalizar os pagamentos dos clientes.

4. O desconto de 30% sobre o preço das portagens equivale a baixar o preço do gasóleo.

5. O incentivo à renovação das frotas é uma forma de subsidiar empresas obsoletas.

No conjunto, estas cedências traduzem-se numa protecção indevida ao transporte rodoviário em detrimento do ferroviário e marítimo, com consequências negativas para a eficiência energética e o ambiente no próprio momento em que todos os governos inteligentes estimulam o investimento em energias alternativas.

Em resumo, o governo cede em toda a linha, esquecendo que há mais gente na bicha à espera da sua vez de lançar o caos para recolher benesses.

Pensamento

Imaginem que, a exemplo do que se passa na Irlanda, a nossa Constituição impunha que se referendasse o Tratado de Lisboa.

O que é que os nossos partidos fariam? - Ora, mudavam a Constituição...

Alan Price Set:: Simon Smith & His Amazing Dancing Bear

O Presidente de uma só raça

É uma gaffe, mas é uma gaffe grave e significativa. Estes lapsos públicos ocorrem quando se está habituado a usar estas expressões lá em casa, seja por se concordar com elas (ao menos até certo ponto), seja por nunca se ter pensado ao certo no que significam.

Somos hoje, sem sombra de dúvidas nem margem para discussão, uma sociedade multi-racial; logo, é imperdoável que o Presidente aliene com tanta ligeireza a responsabilidade de ser o Presidente de todos os portugueses. Mais uma prova de que Cavaco Silva não tem nem preparação nem dimensão para o cargo.

Jogar sem bola

Se tanta gente vive nestes dias o entusiasmo do Europeu, por que não haveriam os media de reflecti-lo no espaço que lhe dedicam?

O criticável não é a quantidade, mas a qualidade medíocre da cobertura. O jornalismo nacional não está à altura do desempenho da selecção. Faltam-lhe Ronaldos e Pepes e, aqui e além, um ou outro Scolari.

Adivinha

A Espanha e a Holanda arrancaram vitórias brilhantes; Portugal e a Alemanha conseguiram vitórias sólidas. Recordando anteriores Europeus, o que vos parece mais prometedor?

10.6.08

Mala pata

Qualquer selecção que integre jogadores do Arsenal sofre à partida de um handicap dificilmente superável. Alguns dirão que é mau olhado, outros que é perfil de vítima.

Isto prejudica desde já as hipóteses da Espanha, da França e da Suécia.

Haja saúde

O Iniesta tem tão má cor, coitadinho... Estou sempre com medo que lhe dê qualquer coisa má.

Portuguesismo

Amanhã de manhã, entre as 10h e as 11h, estarei no Rádio Clube Português para discutir a gravíssima questão de saber "o que é ser português (o sentimento de identidade nacional e a relação dos portugueses com o País) e o portuguesismo (o que o caracteriza e se é uma boa marca e exportável)".

Estou muito curioso de ver o que sai.

A dormir

Desacatos do género dos recentemente protagonizados por grupos de camionistas são uma óbvia benesse para qualquer governo que aspire a posicionar-se como garante da tranquilidade pública, sobretudo quando a oposição, apostada numa estratégia de "quanto pior, melhor", guarda sobre o assunto um silêncio comprometedor.

Uma breve e firme declaração reafirmando o primado da lei e assegurando que os responsáveis por todos os actos de violência serão responsabilizados criminalmente bastaria para tal.

A falta de protagonismo do governo nestes últimos dias só vem confirmar a desorientação estratégica em que ele se encontra mergulhado.

Dia da Raça

Como bom aluno que sempre foi, Cavaco Silva limitou-se a repetir aquilo que lhe ensinaram na escola. Aliás, como aluno manso e obediente, Cavaco Silva nunca se interrogara sequer até ontem sobre o que vem a ser ao certo a raça portuguesa e em que se distingue ela - se é que se distingue em alguma coisa - da nação portuguesa.

7.6.08

"Aquele Pinto da Costa andava a pedi-las..."

O seu a seu dono

Segundo o Câmara Corporativa, Manuel Alegre terá afirmado, na entrevista a Judite de Sousa:
As minhas soluções é que… mas as minhas soluções têm de ser pensadas num quadro europeu e num quadro… num quadro nacional. Nós estamos num quadro macroeconómico de grandes restrições fiscais e… monetárias e estamos num quadro de radicalismo de mercado em que os serviços públicos têm que competir com os privados segundo uma lógica meramente economicista. É preciso inverter tudo isto. É preciso orientações macroeconómicas que obriguem os Estados a ter como objectivo político essencial o emprego, o bem-estar, a justiça social e alterar… (...) Nós estamos na Europa. Nós temos uma posição passiva, temos de ter uma posição crítica.
Nunca simpatizei excessivamente com as opiniões de Alegre, mas parece-me que, nisto, ele tem razão: abdicar da política europeia equivale, hoje, a abdicar da política. E essa é a principal crítica estratégica que hoje pode e deve ser feita aos partidos socialistas do velho continente.

6.6.08

Sondagem dá maioria ao Não na Irlanda

Os bons e os maus

Escreve Rita Siza para o Público, a partir de Washington:
"Sobram, portanto, as mulheres de mais de 50 anos interessadas em quebrar o último telhado de vidro da política americana que viam em Hillary Clinton a derradeira consagração da sua luta pela igualdade de direitos. Os trabalhadores de classe média baixa, que gostam de jogar bowling, beber cerveja e disparar contra latas nos seus quintais nos subúrbios - e que não podiam ter ficado mais ofendidos por Obama os ter descrito como "amargos" e dependentes das armas e religião. Ou ainda os imprevisíveis hispânicos: estes nunca esconderam as suas objecções em votar num candidato só por ele ser negro."
Postas as coisas nestes termos, a escolha é óbvia.

(A frase teria saído muito melhor à Rita se ela estivesse um poucochinho mais familiarizada com o ponto e vírgula.)

Abaixo-assinado circula na Guatemala

Temos que ser compreensivos: a época morta é a época alta do Benfica.

São surdos, ou quê?

O que Louçã e o seu grupinho estão a dizer - com a fona de iniciativas recentes na sequência de um longo período em parte incerta - é que não se deve contar com o Bloco para qualquer acordo de incidência governamental no caso de o PS, como agora parece seguro, não conseguir a maioria absoluta nas legislativas de 2009.

É tomar nota e passar adiante.

O PS também tem os seus Menezes



E há muitos mais à espreita de uma oportunidade.

5.6.08

O estratega

Pacheco Pereira explicou hoje na Quadratura do Círculo a estratégia de Manuela Ferreira Leite para ganhar as próximas legislativas. Não percebi.

Wishful thinking

Prevejo que, nas primeiras sondagens que se realizarem depois da eleição de Manuela Ferreira Leite, o PSD vai subir qualquer coisita nas intenções de voto, pela mera razão de que quando se põe na montra um produto novo, as suas vendas aumentam - ao menos durante algum tempo.

Quando isso acontecer, não faltarão comentaristas a prognosticar a vitória do PSD nas próximas legislativas. Já ouvimos essa cantilena várias vezes nos últimos anos, sempre que algum acontecimento parece enfraquecer o governo de José Sócrates; mas, não tarda, as pitonisas são forçadas a voltar a enfiar a viola no saco.

O Expresso deste fim de semana afinará, ao que parece, por esse diapasão, com base em argumentos que, bem analisados, me parecem muito ténues.

Vendo as coisas objectivamente, a oposição está tristemente condenada a colocar todas as suas esperanças na degradação da situação económica internacional e, por consequência, também do país.

Se Portugal entrar em recessão, se o desemprego aumentar, se a inflação comer os salários reais - se essas e outras desgraças desabarem sobre o país, talvez o PSD tenha alguma hipótese de obter um resultado honroso. Que tristeza.

O preço do petróleo caíu hoje para 120 dólares

Julie Driscoll, Brian Auger & The Trinity: Save Me

A bolha do dia seguinte

O que é que leva alguém a aceitar de moto próprio perder 4,37% do valor de um investimento que fez no dia anterior, a menos que esteja pressionado por uma crise de liquidez ou acredite que esse valor vai cair ainda muito mais? E, se tinha falta de liquidez, por que é aplicou dinheiro num investimento de longo prazo?

Esta é a pergunta que cabe fazer face ao desempenho das acções da recém-criada EDP Renováveis no primeiro dia em que foram transaccionadas em bolsa. É que, recorde-se, mais de 47 milhões de euros de títulos da empresa foram negociadas no primeiro dia, encaixando os seus titulares perdas muito consideráveis.

Desabafa João Cândido da Silva no Jornal de Negócios de hoje: "Ou houve mercado, ou o jogo estava marcado."

4.6.08

Sobe a gasolina, baixa o nível

O tratamento jornalístico que a imprensa de hoje dá ao relatório da Autoridade da Concorrência sobre a formação dos preços no mercado dos combustíveis é, em geral, lamentável.

Visivelmente, muitos dos jornalistas que redigiram as peças publicadas estão descontentes com as conclusões da Autoridade, e não se inibem de afirmá-lo.

Queriam sangue, e não o tiveram. Estão no seu direito; mas, se discordam do relatório, deveriam rebatê-lo com argumentos, não com remoques ou insinuações infundadas.

PS - Muito a propósito, Helena Garrido lembra que Manuel Pinho não tem feito o seu trabalho e que se prepara, perante a complacência geral, para continuar a não o fazer.

Fiquei muito sensibilizado com a preocupação

Anda muita gente preocupada com a eventualidade de o FC Porto poder perder 11 milhões de euros se não puder participar na próxima Liga dos Campeões.

Seria um problema inultrapassável se fossemos 6 milhões. Mas, como só somos 1 milhão, cada um entra com 11 € e fica o caso resolvido.

Fantasias

Este homem vive obcecado com esperas. Deve ser a jogada estudada que ele mais aprecia no futebol. É o que a bola tem de bom: todos temos a oportunidade de dar vazão às nossas fantasias.

Bo Diddley: Hey Bo Diddley (Bo Diddley)

The Rolling Stones: Not Fade Away (Bo Diddley)

"Elvis was not first; I was the first son a gun out there. And I'm very sick of the lie."

Bo Diddley (1928-2008)

Eric Clapton: Malted Milk (Robert Johnson)

Exuberante iliteracia

O Instituto de Meteorologia prevê que, neste Verão, as temperaturas em Portugal Continental estarão ligeiramente acima da média dos últimos 25 anos.

O Diário de Notícias ameaça hoje, na sua página 16: "Verão mais quente dos últimos 25 anos."

O aquecimento global está a fazer mal a umas cabeças. Protejam-se do sol, senão é isto.

Pobres com televisão no quarto das crianças

O jornal Público de ontem inseriu na sua página 10 um artigo intitulado: "60 por cento das crianças e jovens têm televisão no quarto". Estranho num país com tanta pobreza, não é verdade?

Curiosamente, no mesmo dia, o economista Nogueira Leite dizia ter dificuldade em perceber como pode haver tantos pobres num país onde tanta gente declara possuir segunda habitação.

Mas será verdadeira a notícia do Público? Pois é...

Procurei através do Google o estudo de Rita Espanha e Tiago Lapa citado pelo Público, e lá fiquei a saber que a amostra foi exclusivamente constituída por jovens com acesso à internet.

Logo, para ser verdadeiro, o título do Público deveria antes ser: "60 por cento das crianças e jovens com internet em casa têm televisão no quarto". Isto, partindo do princípio de que a amostra utilizada foi aleatória, o que, pelo que li, não me pareceu.

Faz a sua diferença, não faz?

PS - Se investigar um bocadinho, o Professor Nogueira Leite vai concluir que boa parte (se não a maioria) das chamadas segundas habitações que adornam o país são, na realidade, barracas.

3.6.08

Boas vibrações

Helena Roseta sente uma energia positiva no comício - perdão, na festa - de hoje à noite no Teatro da Trindade. Se bem entendi, reuniram-se todos para festejar a desigualdade social.

O preço do petróleo caíu hoje para 126 dólares

Quando a esmola é grande...

A diferença registada em Abril entre a inflação dos produtos alimentares em Portugal e no resto da Europa é tão grande e tão favorável para nós que até dá para desconfiar.

Vejam só: apenas 3,2% por cá contra 6,2% na Zona Euro. Mais curioso ainda, o aumento foi de 6,8% na Espanha, de 7,2% no Reino Unido, de 21,7% na Letónia e de 25% na Bulgária.

A notícia é tão boa que é melhor esperar pelos números de Maio para vermos se ela se confirma.

Previsão errada

Ao rever em alta a previsão de crescimento da Zona Euro em 2008 de 1,4 para 1,75%, o FMI confirma que voltou a errar. Nada de invulgar no passado recente.

Aguardo com ansiedade que a oposição comece a pressionar Teixeira dos Santos no sentido de também ele subir as previsões para Portugal.

Eric Clapton: Ramblin' on My Mind (Robert Johnson)

1.6.08

O segredo

Eu pensava - e ainda penso - que Passos Coelho criaria mais problemas ao governo do PS do que Ferreira Leite.

Desde logo, porque a emergência de um adversário genuinamente novo causa sempre alguma perturbação nos cálculos de quem governa. Mas também porque me parece que os temas escolhidos por Passos Coelho atacariam Sócrates num ponto mais relevante para as escolhas que o país tem que fazer.

Subsiste em Portugal um sério défice de competição na política, na cultura e na economia. Por isso, o liberalismo não-doutrinário tem muito de positivo a oferecer ao país, sobretudo nos tempos que aí vêm.

A solução escolhida por uma maioria de militantes do PSD não foi, porém, essa. É normal, tendo em conta a matriz ideológica dominante no partido.

Resta saber se funciona.

Na euforia do dia seguinte, partidários e comentadores supostamente independentes falam já de ganhar as eleições de 2009. Mas o que tem Ferreira Leite, ao certo, para oferecer?

O estilo distingue-se de Sócrates principalmente pela compostura. Pode não ser suficiente, mesmo tendo em conta que o país está a ficar farto das birras públicas do primeiro-ministro.

Acontece que, em épocas de pouca fé, a nostalgia é um produto que se vende bem. Acontece também que, desde que o défice desceu abaixo dos 3%, ninguém sabe qual é o desígnio que impele este governo.

Talvez seja altura de divulgar o segredo - pressupondo, é claro, que ele exista.