31.7.08

Pacheco amordaçado

É absolutamente incrível que, de vez em quando, o Carlos Andrade insista em furtar um ou outro minuto ao precioso tempo de antena do Pacheco Pereira na Quadratura do Círculo para permitir a António Costa ou Lobo Xavier uma breve interjeição.

Não está certo tentar impor limites à liberdade de expressão do porta-voz autorizadodo Presidente da República e de Manuela Ferreira Leite. Deixem o homem falar!

Aguardando o discurso do Presidente

29.7.08

A obra financeira do PSD



Não é frequente ver-se este gráfico que descreve a evolução do défice das contas públicas entre 1980 e 2004.

Para os mais esquecidos, o Ministro das Finanças do Governo da AD, em 1980 e 1981, foi Cavaco Silva. Apesar do desequilíbrio da balança de pagamentos, valorizou o escudo, baixou a taxa de juro e congelou os preços dos transportes públicos em pleno segundo choque petrolífero. Nunca a situação financeira do país se degradou tão depressa como então.

Não admira que Cavaco Silva tenha fugido rapidamente do governo e que Balsemão o tenha também abandonado em 1982. Em 1985 Cavaco voltou, já como primeiro-ministro, e isso nota-se imediatamente no gráfico. Nos anos subsequentes, a entrada dos fundos comunitários atenuou o défice do orçamento geral do Estado, que desceu para os 4% em 1989.

Mas era preciso conquistar nova maioria absoluta em 1991, de modo que as despesas correntes voltaram a crescer em flecha. A massa salarial dos professores, por exemplo, cresceu 98% entre 1989 e 1991.

Novo recuo temporário pós-eleitoral, novo disparo em seguida, de modo que, ao chegar ao Governo, o PS recebeu um défice de quase 8%. Pode-se ver no gráfico como ele diminuiu continuamente até 2000. Em 2001, ano em que se inverteu a tendência, subiu um pouco acima dos 4%, registando uma descida mínima em 2002.

Regressado em 2002 ao governo, o PSD retomou prontamente a sua tradição despesista, atirando o défice para perto dos 6%. Sabemos como, com Sócrates, regressou entretanto para perto dos 2%.

Ouvimos às vezes dizer que o trabalho feito pelo actual governo poderia ter sido feito pelo PSD, mas é difícil entender-se em que se baseia esta crença. Nada - mas mesmo nada - no currículo do PSD sugere que saiba ou queira pôr na ordem as contas públicas. Na sua última passagem pelo governo, agitou a crise financeira como justificação para reduzir despesas sociais, mas jamais revelou vontade de atacar os problemas de fundo, fosse reduzindo despesas, fosse aumentando receitas.

É necessária uma certa falta de pudor para, perante os dados revelados no gráfico acima, o PSD continuar a pretender apresentar-se como modelo de virtudes no que respeita à consolidação orçamental. É claro que só pode fazê-lo porque a esmagadora das pessoas nunca viu estes dados.

Eu acrescentaria que, bem vistas as coisas, não há nada de extraordinário na história da política orçamental do PSD. Olhem para os EUA e também aí constatarão que, mau grado as grandiloquentes proclamações, a direita deixa sempre atrás de si défices gigantescos. Vejam Reagan, vejam Bush pai, vejam Bush filho.

A redução dos impostos sobre as classes altas e a distribuição de dinheiro de forma indiscriminada para ganhar eleições levam inevitavelmente a esse resultado. Quem vier a seguir que resolva o problema.

"Já não há diferenças entre direita e esquerda"



Este revelador gráfico reproduzido por Paul Krugman no seu blogue mostra a taxa de crescimento anual do emprego durante cada presidência indicada.

Note-se que a pior presidência democrática supera à vontade a melhor presidência republicana. Deve ser coincidência.

25.7.08

Neste Verão, a classe média não vai de férias

24.7.08

Contra o pensamento ocioso

"Já viste o carro novo dos do lado? No ano passado foram de férias para o Brasil; agora, diz que é um safari no Quénia. E ela, que só compra vestidos de marca? Não sei onde arranjam dinheiro para levarem esta vida..." O equivalente sofisticado desta tagarelice mesquinha é a crítica moralista ao endividamento das famílias portuguesas.

Por estes dias, toda a gente repete, com ar entendido, que os portugueses vivem acima das suas posses, mas eu gostaria que me explicassem que consequências práticas daí pretendem retirar.

É certo que, não sendo compensado pela entrada de investimento directo estrangeiro, o nosso défice da balança de transacções correntes assume enorme gravidade. Que fazer, então, para controlar os excessivos níveis de consumo e de endividamento dos particulares que contribuem para aumentá-lo? Assim, de repente, ocorrem-me algumas hipóteses: a) exortar os portugueses a pouparem mais; b) restringir a importação de bens não essenciais; c) agravar as taxas de juro; d) desvalorizar a moeda. Tudo excelentes ideias, porém, impraticáveis.

Insistir na ideia de que, se os portugueses se resignassem a consumir menos, o país entraria nos eixos é, nas actuais circunstâncias, uma piedosa intenção votada ao insucesso. Certos comentadores recusam-se a aceitar que algumas formas de ajustamento dos mercados são mais difíceis do que outras; mas todos sabemos que é mais fácil aumentar salários do que baixá-los, empregar pessoas do que dispensá-las e aumentar o consumo do que baixá-lo.

E se, em vez de batermos com a cabeça nas paredes, encarássemos antes a coisa de uma perspectiva igualmente verdadeira, mas incomparavelmente mais útil? E se, em vez de dizermos que gastamos acima das nossas posses, sublinhássemos antes que produzimos abaixo das nossas capacidades? Onde a primeira formulação cria um muro psicológico que fomenta o medo e paralisa a vontade, a segunda oferece uma orientação positiva e mobiliza o esforço colectivo. A forma como se diz as coisas tem consequências. Temos um problema de produtividade que não se deve, nem a trabalharmos pouco, nem a investirmos de menos, antes a tirarmos medíocre partido dos recursos produtivos, em boa parte por os concentrarmos em actividades económicas de reduzido potencial. A boa notícia é que, na presente década, a nossa estrutura produtiva tem vindo a sofrer uma rápida transformação, sem paralelo desde os anos 60.

Em poucos anos, a natureza do turismo alterou-se e os têxteis foram substituídos, na liderança das exportações, por máquinas e aparelhos eléctricos e serviços às empresas. A balança tecnológica tornou-se positiva. Em decorrência, o país conquistou quotas de mercado, apesar de uma evolução pouco favorável dos custos salariais unitários. O défice externo, agora deteriorado por efeito da crise internacional, reduziu-se de forma progressiva, embora insuficiente. Podemos confiar nas empresas e nos mercados para completarem esse ajustamento, que políticas erradas no passado atrasaram. Mas deveríamos questionar se o Estado português estará a fazer tudo o que deve para facilitar as mutações em curso.

Os desafios superam-se potenciando a capacidade transformadora das nossas forças, não carpindo as fraquezas. É mais produtivo mobilizar as pessoas para fazerem coisas do que para se queixarem. É mais fácil mobilizá-las com uma visão coerente do futuro do que com ameaças de empobrecimento e resignação.

Entre nós, o nível do debate económico é frequentemente rebaixado por insistentes prédicas acerca dos vícios e virtudes dos nossos concidadãos, porque esse tipo de abordagem não exige nem estudos nem conhecimentos especializados, apenas requer capacidade retórica.

A mudança de perspectiva que recomendo não equivale a privilegiar o optimismo sobre o pessimismo, mas a valorizar o pensamento produtivo em detrimento do pensamento ocioso.

(Artigo publicado no Jornal de Negócios de ontem.)

23.7.08

La leggenda del Piave

Fui eu que escrevi isto? [1]

Post publicado no bl-g--x-st- em 23.12.04 e, infelizmente, ainda actual:

Interrupção intempestiva da quadra natalícia para perorar outra vez sobre o déficite

Algumas notas (quase) soltas sobre um debate que não nos vai deixar tão cedo.

1. Não pode deixar de ser considerado espantoso que uma maioria cuja única ideia e cujo único compromisso não renegado com os eleitores foi o combate ao déficite do OGE tenha deixado um déficite efectivamente maior do que aquele que herdou.

2. Para além disso, o crescimento exponencial das dívidas a fornecedores em áreas como a da saúde indicia que o déficite efectivo será ainda muito maior, visto que, dadas as peculiaridades da contabilidade pública, as despesas não pagas só serão contabilizadas como custos em anos posteriores.

3. Se o Estado cortou em tantas coisas (cancelamento de contratos a termo, redução efectiva do rendimento mínimo garantido , quebra do investimento público, etc., etc.) como é que, afinal, a despesa não baixou? Porque, para certas coisas, nunca faltou dinheiro. Por exemplo, o Dr. Portas nunca teve dificuldade em financiar as suas guerrinhas privadas, tais como a compra de material militar, as pensões dos ex-combatentes ou a presença da GNR no Iraque. E a Câmara de Lisboa, sob a direcção do Dr. Lopes, até teve suficiente folga para criar um novo sistema de transportes grátis no centro da cidade. Sem falar da facilidade com que se contrataram estudos a empresas multinacionais de consultoria de gestão sobre tudo o que veio à cabeça dos gabinetes ministeriais. Fiquei a saber esta semana, por exemplo, que uma dessas empresas especializadas em gestão fez um estudo sobre o combate a incêndios!

4. Mas, para além de tudo o mais, o que está aqui em causa é um problema de ignorância pura e simples. Durão Barroso não fazia a mínima ideia do que seria preciso fazer para reduzir o déficite, tal como não faziam Ferreira Leite, Bagão Félix e muitos outros que os acompanharam nesta triste aventura. No Estado como nas empresas, não é possível reduzir custos duradouramente sem ter uma estratégia. Se uma empresa se mete a reduzir custos sem uma perspectiva clara sobre o rumo que pretende seguir, acontece uma de duas coisas: a) a empresa vai à falência; b) os custos que se cortam num sítio reaparecem noutro.

5. Há três anos, uma luzida companhia de sumidades apresentou-se perante o país com a promessa de que resolveria rapidamente, embora com recurso a medidas impopulares, os problemas que, segundo eles, os socialistas haviam criado. O que se provou foi que o que lhes sobrava em jactância faltava-lhes em conhecimento e clareza de espírito. Mas também falta ainda provar que, neste momento, o PS já saiba o que tem que fazer.

6. É preciso dizer e repetir que o déficite não é o problema, é um mero sintoma de problemas mais fundos. Em primeiro lugar, porque o déficite só é relevante na medida em que agrava o endividamento, e em especial o endividamento externo. Em segundo lugar, porque ele resulta da conjugação de dois factores: a) a economia não está a crescer tanto quanto devia; b) a administração pública não está a ser bem administrada.

7. Não se pode confundir o urgente com o importante. Urgente é conter a despesa pública, o que significa, por exemplo, que os funcionários públicos não podem nem devem ser aumentados. (Muitas pessoas parecem não ter consciência de que muitos trabalhadores do sector privado também não são aumentados há vários anos.) Importante é pôr a economia a crescer e o Estado a funcionar.

8. O caminho para pôr a economia a crescer não é baixar impostos, é fomentar a inovação, regular os mercados onde escasseia a concorrência e mobilizar o país todo para expandir a exportação de bens e serviços. (Faço só três perguntas: a) Quantas das grandes empresas portuguesas de que os jornais todos os dias falam contribuem para esse esforço?; b) Com que frequência dedicam os nossos media alguma atenção às empresas exportadoras portuguesas?; c) Que sentido fez lançar na maior confusão o ICEP, único organismo com capacidade para promover as exportações?)

9. O caminho para pôr o Estado a funcionar é reabilitar a função pública, reconstruir a cadeia de comando hierárquico destruida pelas sucessivas interferências partidárias, respeitar o know-how que existe, premiar o mérito e exigir a prestação de contas. Ouço alguns empresários criticarem os organismos estatais por não fazerem análises custo-benefícios dos projectos que promovem. Julgarão eles que na administração pública não se sabe o que isso é? Ignorarão eles que, se não se faz, é apenas porque as chefias nomeadas pelos partidos não o permitem? Chegamos, assim, ao ponto crucial: nenhuma gestão por objectivos, nenhuma avaliação do mérito terão qualquer resultado se não começarem por cima. Mas isso exige que todos os cargos públicos, a começar pelos directores gerais, sejam providos por concurso, e que acabe a prática terrorista da humilhação das chefias da administração pública pelos cretinos que transitam directamente das jotas para os gabinetes ministeriais.

Tipos espertos

A única experiência que Rui Ramos acha aceitável fazer-se com os pobres é deixá-los entregues à sua sorte.

Mas isso não foi já experimentado?

Petróleo cai 20 dólares em duas semanas

22.7.08

La leggenda del Piave



O hino patriótico italiano La Leggenda del Piave foi composto no final da 1ª Guerra Mundial para assinalar a vitória sobre o exército austríaco. Imensamente popular, tornou-se no hino nacional da República Italiana entre 1946 e 1947.

O video que hoje aqui coloco serve apenas de intróito a um outro que amanhã exibirei.

21.7.08

À beira do abismo

Quem manda nos EUA, no Irão e em Israel tem interesse na ocorrência até ao final do ano de um conflito militar limitado a pretexto do nuclear iraniano.

Os republicanos criariam enormes dificuldades a Obama, sobre quem sempre recairão suspeitas de pacifismo capitulacionista. Ahmadinejad afirmaria a capacidade de fazer frente aos EUA e colocaria mais uma vez em cheque a oposição interna dos moderados. Israel recordaria aos mais esquecidos que continua a poder influenciar decisivamente a política interna americana.

Oxalá haja alguma falha séria neste raciocínio.

20.7.08

Cohen



No sábado, alguns milhares de pessoas conotadas com a martirizada classe média deslocaram-se ao passeio de Algés para escutar um descendente em linha directa de Aarão, irmão de Moisés.

Segundo a Lei, um Cohen (ou cohanim) - isto é, sumo sacerdote - não pode ser cego ou coxo, ter membros demasiado compridos, pé ou mão partida, ser corcunda ou anão, padecer de doença de pele ou sofrer de maleita nos testículos.

Exige-se-lhes, ademais, que não mantenham contacto com corpos de pessoas mortas, não rapem a cabeça nem os cantos das barbas, nem façam lacerações nos seus corpos. Os cohanim masculinos não podem contrair matrimónio com prostitutas, mulheres desonradas ou divorciadas.

Não se pode negar que isto dá uma certa garantia de qualidade, pelo que me decidi a ir ao concerto, mesmo correndo o risco de encontrar por lá alguns bloggers.

PS - A minha particular sensibilidade a esta problemática deve-se ao facto de ter quatro primos em primeiro grau de apelido Cohen.

18.7.08

Poupar sem saber

Alertados por um relatório do FMI que não entendem, os repórteres de tv vão para a rua perguntar às pessoas se conseguem poupar alguma coisa no final do mês.

Respondem elas que, depois de pagarem a prestação da casa, não sobra nada que consigam poupar.

Erro: em termos de contabilidade nacional, o pagamento da prestação da casa é poupança. Logo, quando, por força do aumento dos juros, cresce a prestação, as pessoas automaticamente poupam mais.

A economia é uma ciência maravilhosa.

Sociedade do conhecimento

Em finais de Abril, encomendei através da Amazon americana quatro livros não disponíveis na filial inglesa.

O carimbo do correio comprova que foram expedidos nos primeiros dias de Maio, mas o pacote só me chegou às mãos na última 3ª feira.

Sei o que estão a pensar, mas os livros vieram de avião, não em barco a remos. Estes quase dois meses e meio, passaram-nos eles na alfândega portuguesa à espera de serem despachados.

Por esse inestimável serviço prestado ao país e a mim próprio, cobrou-me a Direcção Geral das Alfândegas 13,62 €. Há coisas fantásticas, não há?

17.7.08

Grandes momentos da história do futebol

Petróleo cai 13 dólares numa semana

O elo mais fraco

"Já viste o carro novo dos de baixo? No ano passado foram de férias para o Brasil; agora, diz que é um safari no Quénia. E a gaja, que só compra vestidos de marca? Não sei onde arranjam dinheiro para levarem esta vida..."

O equivalente sofisticado desta tagarelice mesquinha é a crítica moralista do endividamento das famílias portuguesas, quando elas se têm limitado a fazer aquilo que a teoria económica prevê.

Escondem-se nesse comentário múltiplas confusões, mas hoje vou falar só de uma, aquela que baralha o endividamento excessivo das famílias com o endividamento excessivo do país.

Em geral, as pessoas contraem as dívidas que acreditam poder vir a pagar, como se constata pelo facto de ser baixíssima a taxa de incumprimento. Há gente muito tola, mas, ao contrário do que supõem os pregadores de ocasião, a esmagadora maioria sabe o que faz.

Acontece, porém, que o endividamento razoável das famílias pode conduzir a um endividamento irrazoável do país.

Antes de pertencermos à zona euro, o problema resolvia-se através da subida da taxa de juro, a qual sinalizava aos particulares que o país como um todo estava a recorrer excessivamente à poupança externa para suprir a carência de poupança interna.

Agora, porém, já não é assim. A taxa de juro é fixada em função das condições gerais da zona euro, e não das nossas em particular. O resultado é que o dinheiro está em Portugal há mais de dez anos muito mais barato do que deveria ser.

Nas condições actuais, o país não dispõe, portanto, de instrumentos de política monetária que lhe permitam resolver a situação.

Pergunta-se, então, de que forma se poderá fazer o ajustamento necessário para suster o contínuo agravamento da dívida externa. Sendo as coisas o que são, só o aumento do desemprego resolverá o problema.

O mais extraordinário é que, quando aderimos ao euro, muito poucos economistas profissionais - recordo-me apenas de João Ferreira do Amaral - chamaram a atenção para isto. E agora?

16.7.08

Grandes momentos da história do futebol



Especialmente recomendado pelo Maradona.

Como melhorar o seu salário real

Tem razão Constâncio quando diz que, nas actuais circunstâncias, actualizações extraordinárias dos salários nominais só piorariam a situação.

A presente descida dos salários reais não resulta de uma redistribuição do rendimento a favor do capital, mas de uma redistribuição do rendimento a favor dos países produtores de petróleo e outras matérias-primas. Logo, não há mesmo nada a fazer.

Todavia, quem puder reduzir as suas deslocações e desligar o ar condicionado, substituindo esses consumos por outros de produtos menos afectados pela alta do petróleo, beneficiará de uma subida de preços mais moderada e poderá, contra a corrente, melhorar o seu salário real.

Mas não é preciso ensinar isto a ninguém, porque é o que todos naturalmente tenderemos a fazer como reacção ao aumento dos preços relativos dos bens com maior conteúdo energético.

15.7.08

Vão ter que gritar mais alto, trazer de volta os camionistas, dar mais tempo de antena ao Pacheco Pereira, sei lá



Fonte: JN.

Técnicas básicas

A propósito da necessidade de "persuadir os estudantes mais carenciados do valor intrínseco do conhecimento", escreve Desidério Murcho no Público de hoje:
"Qualquer agência de publicidade conhece as técnicas básicas para criar nas pessoas apetência pelo que antes não valorizavam."
Eu dirigi duas agências de publicidade multinacionais e uma portuguesa que não conheciam essas supostas "técnicas básicas". E não recomendo que contratem nenhuma que pretenda conhecê-las, porque a investigação disponível sugere que elas não existem.

Aliás, se fosse possível manipular as pessoas dessa maneira, eu acho que ia para a selva juntar-me às FARC.

Grandes momentos da história do futebol

14.7.08

Prognósticos só no final do ano

Pergunta-me o Luis Aguiar-Conraria (A Destreza das Dúvidas) por que afirmei eu aqui que não há métodos científicos de fazer previsões económicas.

O post em causa tem implícito um conceito de ciência próximo do senso comum, ou seja, o de uma teoria que nos permite predizer de forma razoavelmente precisa o comportamento de certas variáveis, mas acredito que a minha alegação permaneceria válida se lhe tivesse dado um sentido mais rigoroso.

O Economic Outlook da OCDE de Junho de 1993 comparou as previsões feitas pelo FMI e pela própria OCDE para os países do G7 no período 1987-92 com os resultados reais medidos a posteriori. A conclusão foi que, no caso do PNB, a simples extrapolação do crescimento observado no ano anterior teria proporcionado estimativas tão boas como as dos complexos modelos causais utilizados; e que, no que toca à inflação, a extrapolação teria sido um método de previsão bem superior.

Não há sinais de que as coisas tenham melhorado muito desde então, bem pelo contrário. Por exemplo, constatou-se em 1998 no Reino Unido que as previsões do crescimento do produto produzidas pelo Tesouro tinham uma margem de erro média de 1.5 pontos percentuais para uma taxa de crescimento média de 2% ao ano. Que utilidade podem ter previsões assim?

Como as diversas instituições utilizam modelos baseados em pressupostos ou mesmo teorias distintas, poder-se-ia perguntar se alguns desses modelos conduzirão sistematicamente a melhores resultados do que outros. Ora o Nobel Ken Wallis concluiu em 1989 que não, e a experiência posterior não desmentiu essa descoberta. De vez em quando, uma determinada instituição parece conseguir melhores previsões do que as outras, mas é sol de pouca dura.

Como deveremos interpretar estes fracassos? Estaremos perante deficiências imputáveis aos métodos concretos utilizados, ou, pelo contrário, perante dificuldades de princípio? Inclino-me, por razões que tomariam demasiado espaço para explicar aqui, para a segunda alternativa. Pura e simplesmente, os modelos econométricos causais não podem produzir previsões fiáveis.

Para dourar um pedacinho a pílula, as instituições produtoras de previsões recorrem a três expedientes ad hoc distintos mas complementares. O primeiro consiste em corrigir os números saídos dos modelos com uma pitada de bom senso, o que a maioria das vezes significa aproximar a previsão de crescimento do resultado médio registado nos últimos anos. O segundo é uma variante do primeiro que atribui uma importância particular a certos elementos que parecem simultaneamente mais seguros e relevantes para o total agregado: por exemplo, o peso da Auto-Europa nas exportações nacionais recomenda que a sua produção seja seguida com uma atenção especial. O terceiro consegue-se revendo com frequência as previsões, de tal modo que, com alguma sorte, talvez o público se recorde da última e esqueça a primeira.

Há, porém, uma categoria de modelos estatísticos não-causais que, não se baseando em relações de causa-efeito, procuram detectar regularidades nas séries temporais sem cuidarem de explicá-las. Como este post já vai longo, deixo a discussão das suas debilidades para uma próxima ocasião.

13.7.08

Grandes momentos da história do futebol

12.7.08

Grandes momentos da história do futebol

11.7.08

Grandes momentos da história do futebol

O momento infeliz de ontem

Por muito bem que lhe corra o debate parlamentar, Sócrates insiste em ter sempre um momento infeliz - digamos assim, um momento Louçã.

Ontem, o momento Louçã ocorreu quando o primeiro-ministro mandou uma funcionária da AR entregar em mão ao líder do grupo parlamentar do PSD uma pilha de estudos sobre obras públicas.

Rangel fez bem em recusá-la. Primeiro, porque não tem que colaborar nas rábulas que o primeiro-ministro prepara para as televisões. Segundo, porque a cena revela falta de respeito pela oposição. Terceiro, porque o governo deve entregar ao PSD o que legitimamente lhe foi pedido - a programação dos investimentos públicos para os próximos anos - e não outra coisa qualquer.

Quando trata mal o parlamento, é a todos nós que Sócrates trata mal.

Se és tão esperto, por que não és rico?

Acreditem no que vos digo: não há nenhum método científico de prever o preço do petróleo. Aliás, não há nenhum método científico de fazer previsões económicas.

Pensem só: se alguém soubesse em Janeiro de 2008 que o preço do petróleo chegaria em Julho aos 147 dólares, em vez de comunicar a descoberta da opinião pública teria aproveitado para se tornar no homem mais rico do mundo.

Se as faculdades de economia ensinassem essas artes mágicas, os economistas seriam mais prósperos do que os praticantes de qualquer outra profissão.

Parece-vos que o Bill Gates ou o Tio Belmiro são economistas?

O Estado da Europa

Garantem-nos que o bloqueamento do Tratado de Lisboa constituiria um sério revés para a Europa e que, se ele não entrar em vigor, se abaterão sobre nós as sete pragas do Egipto.

Porém, a acreditar no que lemos nos jornais, ninguém dedicou ontem uma palavra ao Estado da Europa no debate do Estado da Nação.

Podemos, então, concluir que se trata de um assunto menor que, por isso mesmo, não preocupa nem os governantes nem a oposição.

Provincianismo

O artigo de Pedro Lains no Jornal de Negócios de hoje começa com esta constatação irónica:
"O debate ao mais alto nível sobre a economia portuguesa é muito provinciano. Atenção: refiro-me ao debate e não às pessoas envolvidas, pois entre estas contam-se economistas de reputação internacional."
E termina assim:
"Um programa de obras públicas e regionalização não é um programa para os activistas anti-globalização da CGTP e do Bloco de Esquerda. É o contrário. É um programa de um país menos provinciano e mais inteligente."
Não percam a análise invulgarmente lúcida da problemática do investimento público em Portugal contida entre estes dois parágrafos.

Queirós volta para treinar a selecção

10.7.08

Ensaios balístico-fotográficos




A foto de cima, representando o lançamento de quatro mísseis iranianos e distribuida hoje por agências noticiosas internacionais, é, segundo o New York Times, uma versão retocada da de baixo.

A justificação mais provável para esta mistificação é a tentativa iraniana de transmitir uma impressão exagerada da sua capacidade militar ofensiva.

Nem assim...

Sousa Tavares queixa-se na TVI da pobreza e falta de profundidade do debate parlamentar de hoje.

Foi para ver se, desse modo, ele conseguiria acompanhá-lo.

Pelos vistos, nem assim...

"Desculpe, mas tem que tirar a senha..."

Um homem entrou na esquadra e informou o polícia de serviço que pretendia entregar-se e confessar-se culpado pelo assassinato de duas pessoas.

O funcionário mandou-o sentar-se na sala de espera e aguardar a sua vez.

Decorridos cinco minutos, e como o homem, que apresentava queimaduras graves nas mãos e nos braços, tivesse obedecido tranquilamente à ordem que lhe deram, foi finalmente preso por um detective.

O homem era Nigel Edwards Farmer, alegadamente responsável pelo assassinato de dois estudantes franceses na semana passada.

Esta história passou-se em Inglaterra, país que, apesar da recente tendência para os serviços secretos esquecerem relatórios confidenciais nas carruagens dos comboios, se orgulha de dar lições ao mundo em matéria de competência e rigor profissional.

Petróleo desce para 137 dólares

E o governo não faz nada...

Última hora: talvez afinal haja dinheiro para alguma coisa

Querem ver como é tão fácil dizer coisas que fazem sentido?
O líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, declarou hoje que o seu partido "não está contra obras públicas em geral nem nenhuma em concreto", apenas exige conhecer os encargos financeiros anuais para o Estado.
E ainda:
"Tragam essa informação ao Parlamento, não nos mande para a Internet, não estamos ainda na democracia plebiscitária de Internet, estamos numa democracia formal, onde o Parlamento tem desde há 800 anos a competência orçamental", observou o líder parlamentar do PSD.
Tirando a referência aos 800 anos, que não entendi, isto é correcto. É claro, porém, que dizê-lo é muito menos excitante do que afirmar que "não há dinheiro para nada". Talvez este Rangel venha a revelar-se uma boa alternativa a Ferreira Leite e Rui Rio.

Portugal perde único cardeal no Vaticano

Grandes momentos da história do futebol

Medíocre menos

É evidente que a apresentação de um conjunto de medidas avulsas destinadas a minorar o impacto da estagnação económica durante o debate parlamentar sobre o Estado da Nação subverte por inteiro o propósito para que ele foi criado.

Não é sério nem revela respeito pelo país e pela oposição isto de o primeiro-ministro sacar do bolso um chamado "pacote anti-crise" que, pela natureza das coisas, nem os deputados do PS nem, sobretudo, os outros, estarão preparados para discutir.

Não sei como é que os meus concidadãos reagem a estas coisas, mas, a mim, estas manobras de baixa política desinteressam-me tanto do debate como das políticas que Sócrates irá exibir para as câmaras da televisão.

Nota 7.

9.7.08

Renhaunhau renhaunhau



Naquele tempo, era precisa muita valentia para produzir qualquer declaração pública, por muito inócua que fosse. Era o tempo dos élepês e das calças à boca de sino, mas também - convém lembrá-lo - da PIDE/DGS.

O mundo mudou radicalmente, mas a SEDES persiste em emitir proclamações ao estilo da velha senhora. Juntam-se uns quantos conspiradores à volta de um chá com torradas, e sai uma coisa assim:
O Governo, após três anos de esforços de estabilização orçamental e de várias reformas, renhaunhau renhaunhau, no maior partido da oposição poder-se-á ter iniciado um ciclo de estabilidade, renhaunhau renhaunhau, a subida dos preços do petróleo e dos produtos alimentares, renhaunhau renhaunhau, a mudança de expectativas e o espectro da recessão, renhaunhau renhaunhau, desconfiança dos cidadãos em relação aos políticos, renhaunhau renhaunhau, um teste ao Governo e à sinceridade com que iniciou reformas cruciais para o País, renhaunhau renhaunhau.
Esclarecidos? Ora, ainda bem.Se os nossos amigos da SEDES querem mesmo estimular a reflexão colectiva sobre temas de grande relevância para o país, eu recomendar-lhes-ia que criassem um blogue colectivo. Mas não julguem que vai ser possível actualizá-lo apenas de seis em seis meses.

É dar ao pedal, meus senhores.

O brilharete

Muito francamente, apesar de tudo o que li, não consegui ainda perceber o que terá o país a ganhar com os ensaios do automóvel eléctrico da Renault que o Ministro da Economia se ufana de ter trazido para Portugal.

Por outras palavras, que contrapartidas concretas foram negociadas para compensar os custos que o Estado português vai suportar?

Aparentemente, a coisa parece resumir-se a mais uma manifestação de fascínio saloio por qualquer modernice que venha lá de fora.

8.7.08

Figuras tristes



O homem que se cansou das reformas ao fim de quatro meses e nove dias, assim que elas lhe tocaram na reforma, critica Sócrates por se ter cansado das reformas.

Petróleo desce para 139 dólares

6.7.08

"Vais ver co Carlos alimpa a porcaria da fedração"

4.7.08

Serviços públicos em duplicado

Lido no Jumento:
"Na entrevista que deu a uma muito dócil Constança Cunha e Sá a líder do PSD deu-nos mais um bom exemplo da profundidade do seu pensamento político, defendeu, a propósito do encerramento dos centros de saúde, que o Estado deveria construir os centros de Saúde e só depois, quando os cidadãos soubessem que o novo era melhor, seria encerrado o antigo. Já estou a ver, quando a comadre tivesse uma enxaqueca ia a um e quando precisasse da pastilha para a tensão alta ia ao outro. Durante uns meses o Estado pagaria a despesa dos dois centros, até que a maioria dos habitantes optasse por um. E se os cidadãos optassem pelo velho? Manuela Ferreira Leite mandava demolir o novo?

"Pois é, não há dinheiro para as obras públicas, logo, também, não há dinheiro para os pobres, mas há dinheiro para manter cem ou duzentos serviços públicos em duplicado. Bem, estou a partir do princípio razoável de que esta solução brilhante só se aplicaria aos centros de saúde, ainda que seja igualmente eficaz para a generalidade das infra-estruturas públicas, senão teríamos que ocupar parte de Espanha para podermos ter um Portugal em duplicado.

"Esta solução de Ferreira Leite lembra-me as senhoras que vão comprar o vestido ao El Corte Inglês, usam-no no casamento e depois voltam lá para o devolver com a desculpa que lhes ficava mal. Se no caso das obras Manuela Ferreira Leite me lembrou a Madre Teresa, já na solução para os centros de saúde a líder do PSD encontrou uma solução digna das dondocas do nosso Jet Set."

3.7.08

A versão autorizada

Começa a ficar claro que, para se entender o que Manuela Ferreira Leite quis dizer, é preciso esperar para ouvir a interpretação autêntica de Pacheco Pereira.

Para a coisa funcionar melhor, porém, seria melhor que trocasse a função de intérprete pela de ponto. Sempre escusava de ter que corrigi-la a posteriori com argumentos retorcidos.

Se calhar, seria mais prático pensarem em convocar um novo Congresso.

Pensar dentro da caixa

Há quem não entenda que a escrita nas caixas de comentários é um género literário inteiramente distinto do post, pelo que não pode ser avaliada pelos mesmo critérios.

Se eu afirmo taxativamente numa caixa que o Zizek não produziu nada que valha a pena ser lido, isto é prosa de alto calibre. Se alguém me denuncia por nunca ter lido nada desse autor, a reacção é supimpa. Se eu treplico que li mais do que o Zizek, que entrega à mulher a dias as provas dos seus livros para revisão, isto aproxima-se do génio.

Por regra, nas caixas não há argumentos, há interjeições: "Apoiado", "Cala a boca, ó palhaço", "Vai-te...", "O pm é vigarista", "O que tu queres sei eu!", ou algo similar. Há quem desvalorize esta forma de expressão. Há quem se indigne com isto. Há quem sonhe com o dia em que o último comentador será enforcado com as tripas do último blogger.

O mundo é injusto, por isso não tenho esperança que algum dia seja atribuído um Nobel a um comentador de caixa de blogue. Mas temos que reconhecer que há, neste género, autores inesquecíveis. Por exemplo, a zazie, o ac4117 ou o bzidroglio. E então o anónimo, senhores, o anónimo!

Digam o que disserem, o anónimo é o mais admirável ornamento da blogoesfera, o verdadeiro soldado desconhecido da guerra das ideias, sem cujo manso sacrifício nenhuma batalha poderia ser travada, muito menos vencida.

Certa vez topei com um post que gerara 138 comentários, a grande maioria assinados pelo tal anónimo. Pensem bem: 138 comentários! Quanto esforço, quanta convicção, quanta argúcia, quanta persistência, quanta toleima, quanto desvario empregues na confecção de 138 comentários, sem sequer, no final da linha, a compensação dos míticos quinze minutos de fama.

Heróis do nosso tempo, silenciosos e ignorados heróis do nosso tempo, é isso que os comentadores das caixas dos blogues verdadeiramente são. Para todos, um grande bem-hajam.

Vira o disco e toca o mesmo

João Cardoso Rosas, no Diário Económico de hoje:
"Confesso que tinha, à partida, uma disposição positiva em relação à nova liderança do PSD. Mas começo a ter alguma dificuldade em encontrar diferenças substantivas entre o populismo de Santana Lopes/Menezes e as propostas mais emblemáticas de Ferreira Leite."
(Via Câmara Corporativa).


Annie Leibowitz.

2.7.08

Bem observado

Lido no Goodnight Moon:
"Nos últimos dias, tem-se debatido muito, aqui e noutros sítios, sobre os índices de literacia científica dos estudantes de 15 anos.

"Mas o que podemos nós dizer sobre as actuais gerações de líderes? Em Portugal, qual é o nível de literacia científica dos juízes, dos deputados, dos governantes ou dos jornalistas, por exemplo?"

Emerson, Lake & Palmer: A Grande Porta de Kiev (Mussorgski)

Europe is failing to restore idealism

Larry Siedentop, no Financial Times de hoje:

"What does the EU offer in place of liberal democracy in the nation state? There is now a widespread impression across Europe – and especially among the young – that it is in danger of offering pseudo-democracy, remote bureaucratic government thinly disguised by a European parliament.

"That is why the most striking moral fact about Europe today is the loss of idealism. The EU has been unable to make up for the disappearance of its founding idealism – the abolition of war in Europe, through Franco-German reconciliation – by replacing it with the idealism that can be generated by self-government. Its contributions to creating a peaceful and prosperous continent are simply taken for granted."

Nós e o futebol alemão

Numa antevisão do Espanha-Alemanha do passado domingo, um jornalista do Público recuperou para título da sua peça o célebre obiter dicta de Gabriel Alves: "A força da técnica contra a técnica da força."

Para ele, como para a maioria dos portugueses, é preciso técnica para fazer um drible ou um centro de trivela, mas não para fazer um passe certeiro a trinta metros de distância ou para rematar com força ao ângulo da baliza.

A nossa quase universal detestação do futebol alemão é um sintoma insofismável do apreço pela incompetência com que encaramos qualquer actividade profissional.

A fantasia e a improvisação são extremamente valorizadas porque, no fundo, ninguém sabe o que anda a fazer, sendo muito comum as pessoas não dominarem as ferramentas essenciais do seu ofício. Daí a necessidade de inventar.

Os futebolistas alemães sabem que só precisa de inventar continuamente jogadas novas quem nunca se maçou a treinar a sua proficiência nas antigas. Sabem também que a criatividade produz melhores resultados quando devidamente enquadrada numa organização que funciona.

É assim que funciona o jazz, sabiam?

A invasão espanhola

O Jornal de Negócios informa-nos hoje que "Espanhóis geram em Portugal 9,8% da riqueza nacional".

A percentagem foi obtida comparando o volume de negócios produzido em Portugal pelas empresas espanholas presentes no país com o nosso Produto Interno Bruto.

A comparação não é válida, visto que o PIB apenas contabiliza o valor acrescentado (ou seja, a produção deduzida dos inputs adquiridos) e não a produção total, evitando assim duplas contagens.

Tendo em conta que as maiores empresas espanholas a operar em Portugal são gasolineiras e bancos, não vejo como poderão elas ter gerado mais que 2 a 3% da riqueza nacional.

(A expressão "riqueza nacional" utilizada no título também é ambígua, mas não vale a pena entrar nesses detalhes.)

Ser imbecil é...

"Temo que uma vez homologado o campeonato de 2007/08 com a perda de 6 pontos por parte do FC Porto, um recurso qualquer obrigue a Liga a devolver o que tirou e os portistas iniciem a provca de 2008/09 com 6 pontos... de avanço! Não é possível? Não estejamos tão seguros."

Alexandre Pais, Record (citado no Público de hoje)


Anne Leibowitz.

1.7.08

Verso e reverso

O dificultismo para o aluno é o facilitismo para o professor.

O naufrágio

Há poucas semanas, Ferreira Leite proclamou que os défices já não era um problema, pelo que as preocupações deveriam reorientar-se para a área social.

Hoje, diz que o problema não está resolvido, que não se pode baixar os impostos, que o país está endividado em extremo, e que não há dinheiro para nada, nem para investir nem para apoiar os pobres.

Não tem ideias sobre coisa nenhuma. Se o país quiser um cangalheiro, já sabe em quem votar.

O PSD não subsidiará subsídios

Manuela Ferreira Leite quer aumentar as despesas sociais, mas não atribuirá subsídios porque isso gera dependência.

São as ONGs que sabem o que é preciso fazer, logo o Estado deverá apoiá-las. Dando-lhes subsídios? Talvez.

Na verdade, ela admite que talvez seja aconselhável criar um ou outro subsídio. Aliás, não quer eliminar os subsídios que existem, até porque são muito insuficientes.

Agora percebi...

Manuela Ferreira Leite esclarece que o governo de Durão Barroso apenas aprovou o traçado das linhas do TGV, não o TGV.

A ideia, pelos vistos, era ficar pelos desenhos.

Populismo

Paulo Portas declara-se muito preocupado com o preço do leite, da carne e da manteiga.

E as gravatas? Ninguém fala do preço das gravatas?

Emerson, Lake & Palmer: Passeio, O Gnomo (Mussorgski)

A eles, a eles!

No sentido rigoroso do termo, não há instalações nucleares iranianas. Até que uma central nuclear entre em funcionamento, demorará muitos anos. Acresce que, segundo a CIA, os planos iranianos de construção de armas atómicas foram abandonados há cinco anos. Mas talvez o Tiago saiba sobre este assunto algo que eu desconheço.

"Em não havendo númaro dez, entró Rui"



Anne Leibowitz.