2.11.08

Vigarice legalizada

Escreveu o Professor Campos e Cunha no Público da passada 6ª feira:
"Há dias, um colega de finanças informou-me que os CDO (Collateralized Debt Obligations) tinham ou têm um prospecto [de regulamentos] de 750 mil páginas!"
Dei comigo a pensar que isto tem todo o ar de uma história mal contada para impressionar o pagode; porém, mesmo que o número de páginas esteja multiplicado por 100 ou 1.000, um produto que exige uma regulamentação de tal complexidade, deveria provavelmente ser proibido.

Procurando informar-me sobre o assunto, descobri esta brilhante explicação em video do que são os CDOs, e a minha suspeita transformou-se em profunda convicção: coisas destas nunca deveriam ter sido autorizadas. Vejam até ao fim, mesmo que não percebam tudo, porque vale mesmo a pena.


Crisis explainer: Uncorking CDOs from Marketplace on Vimeo.

4 comentários:

Sibila Publicações disse...

Eu percebi tudo, é mais um golpe da pirâmide, onde muitos génos das finanças e a malçta para quem são feitos os programas da manhã onde dizem as cotações de acções, etc, são feitos (com essa crise percebo porque é que na media mainstream há tantas informações sobre o mercado de acções. São anúncios grátis de um sistema de casino.).

Eu só não percebi ainda uma coisa. Porque é que o primeiro CDO manager ele desenhou com 4 pernas.Isso deve querer subliminarmente dizer muita coisa.

Anónimo disse...

O comentador anterior disse que aquilo foi um "golpe de pirâmide" o qu nao corresponde à verdade.

De acordo com a explicação fornecida pelo economista no video, as CDO foram um instrumento financeiro fantástico que permitiram a muita gente investir no mercado de capitais (nas special purpose entities) e assim também libertar dinheiro para investir noutras empresas e business start-ups.

O problema uma vez mais foi um problema de supervisão: as pessoas que deixaram de pagar os empréstimos das casas nunca deveriam ter adqurido uma casa para começar, uma vez que não tinham condições financeiras para isso. O problema residiu nas condições de trabalho dos bancos que pagavam aos seus empregados de acordo com o número de empréstimos celebrados. Daí que eles tivessem todo o interesse em usar o sub-prime (um instrumento financeiro que possibilitou a muita gente ter casa mas que também comportou graves riscos) como uma forma de subir as suas próprias remunerações. E as autoridades fiscalizadoras - ignoros e as existem nos eua - falharam ao permitir este estado de coisas.

O que se passou sim foi um efeito de cascata: os bancos venderam os empréstimos porque já sabiam que eles nao podiam ser pagos. As special purpose entities deixaram de poder pagar e abriram falência.

A grande questão reside uma vez mais na base: consiste em supervisionar o mercado financeiro, controlar a emissão descontrolada de crédito, subir os juros para créditos mais desnecessários (por exemplo operações cosméticas) e baixá-los para créditos necessários. As special purpose entities permitam aos bancos embolsarem logo dinheiro ao adiantarem os juros que os empréstimos vão pagar. No entanto é necessário que os empréstimos tenham solidez!

Nuno disse...

Problema de supervisão? Então mas o mercado não se auto regula? Não era esse o "mantra" dominante? Dps da tempestade é q se ouvem algumas vozes dizer q faltou supervisão(e pasme-se ainda há uns iluminados q culpam o estado por não ter mais regulação)! Onde andaram esses senhores antes? Não os ouvi a falar! Antes defendiam a ausência de supervisão!

NC disse...

«um produto que exige uma regulamentação de tal complexidade, deveria provavelmente ser proibido.»

Então a electricidade também não deveria ser vendida. É que se o regulamento da ERSE não tem 750 000 páginas, anda lá perto.