21.6.09

Os nomes e a coisa

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Os subscritores do manifesto dito dos economistas (vários deles não são economistas, e alguns são muito ignorantes do assunto) agiram como aqueles seleccionadores nacionais que compõem uma equipa como quem colecciona os cromos da bola: o que de facto interessa é alinhar nomes sonantes, que a vitória é certa.

O texto propriamente dito é fraquito e incoerente (tratarei dele mais tarde), mas isso também não era relevante. Procurou-se antes de mais apresentar uma galeria de celebridades, nomes sonantes que muitos recordam anos depois de esquecerem o que fizeram enquando ministros, secretários de Estado ou governadores do Banco de Portugal. Da lista constam até alguns que serviram Salazar, mas é evidente que nem o povo o recorda nem isso interessa nada.

Destaca-se a presença de alguns ex-governantes do PS, cuja cooperação com as hostes socialistas apenas confirma o oportunismo de criaturas cujo posicionamento político sempre se situou à direita. Se esperassem mais alguns meses, é bem possível que os organizadores da oportuna iniciativa também conseguissem recolher a assinatura de Manuel Pinho.

Pensando bem, a única pessoa que destoa no quadro geral é Silva Lopes, o qual assim contribuíu para emprestar ao manifesto da nova brigada do reumático uma aparência de seriedade que, de outra forma, nunca teria conseguido. Sem ele, o manifesto não teria metade do impacto que teve.

Lendo as declarações que fez aos media nos últimos dias a propósito do tema, muito pouco sintonizadas com o que se lê no documento, ainda mais estranho me parece que ele tenha subscrito algo que, pelo menos no espírito, tão manifestamente contraria o que tem defendido a vida toda.
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