1.12.09

Como negociar a saída da crise

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Uma das crenças centrais dos economistas pacóvios consiste em supor que há uma crise portuguesa distinta da crise internacional.

Decorre daí a ilusão de que não só a nossa salvação é independente da do vasto mundo, como podemos pensá-la à margem do que nele se passa. Uma das consequências nefastas dessa maneira de pensar é não utilizarmos devidamente os recursos diplomáticos que temos ao nosso dispor no quadro da União Europeia.

Ao contrário do que se passava há apenas três anos atrás, é hoje claro que Portugal partilha com um conjunto de países europeus (para já, pelo menos, a Irlanda, a Grécia, a Húngria, a Espanha e a Itália) um certo número de problemas similares.

A primeira conclusão a tirar daí é que não se trata do problema deste ou daquele país, mas de um problema da União Europeia, ou, melhor dizendo, de um problema do modo como a zona euro foi concebida e organizada.

Nestas circunstâncias, Portugal deve adoptar uma de duas estratégias:

a) Fazer valer a sua posição de país relativamente bem comportado - que é o que efectivamente foi nos últimos anos. Necessita, para isso, de continuar a ser um bocadinho melhor do que os outros, de modo a poder ser apontado como o exemplo a seguir pelos países em maiores dificuldades.

b) Concertar com os restantes países do arco da dívida (uma nova expressão de cuja invenção estou muito orgulhoso) uma posição negocial face à UE e ao BCE, que é como quem diz: face à Alemanha. No conjunto, eles representam cerca de um terço da população europeia - algo que não pode ser ignorado, principalmente num contexto de aumento dos poderes do Parlamento Europeu.
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