3.2.10

"Ou 'tás caladinho, ou levas no focinho"

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A algumas pessoas, as agências de rating lembram-lhes a chuva no Inverno. Por outras palavras, encaram-nas como um dado objectivo e incontornável, uma fatalidade contra a qual nada há a fazer.

Que quer isso dizer? Que os ratings atribuídos pelas agências têm uma inquestionável valor científico? Que, diga-se o que se disser, os investidores deixar-se-ão guiar pelo que elas dizem?

Nem uma coisa nem outra é sustentável.

As agências de rating têm uma responsabilidade chave na presente crise financeira. Fossem quais fossem os desequilíbrios financeiros, os níveis de especulação, as vigarices e as falhas de regulação, nada do que sucedeu teria sido possível se as agências de rating não tivessem traído a missão que lhes estava confiada.

É por isso que, ao contrário do que algumas pessoas nos querem fazer crer, uma boa parte dos investidores não confia nas agências de rating. Só assim se explica o enorme sucesso da subscrição de títulos da dívida emitidos na passada semana pelo Estado grego.

Esta ideia de que "não vale a pena argumentarmos em nossa defesa" tem uma longa e triste história que entronca na cavaquiana parábola do "bom aluno".

Uma diplomacia inepta e preguiçosa tem presidido ao longo de duas décadas ao nosso relacionamento com a União Europeia. Mas Portugal não é um protectorado da União Europeia, é seu membro de pleno direito e, por intermédio das instituições em que participa, os seus cidadãos têm o direito de livremente se exprimirem e defenderem os seus interesses.
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