30.11.10

Parece que afinal a Irlanda também gastou dinheiro a construir estádios de futebol

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Prepotência e absurdo

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Em que é que a facilitação dos despedimentos que o Partido Popular Europeu nos pretende impor por intermédio da Comissão Europeia e do BCE contribui para reduzir o desemprego num momento como o actual?

Ainda se as reformas laborais sugeridas visassem reduzir os custos da contratação, poder-se-ia perceber; mas reduzir as barreiras ao despedimento conduz directamente ao aumento do desemprego.

Por outro lado, em que é que a facilitação dos despedimentos contribui para reduzir o défice das contas públicas? Mais desemprego implica mais subsídios de desemprego e, logo, maior pressão sobre a segurança social. Nada menos apropriado nas circunstâncias actuais.

As propostas da Comissão não têm nada a ver com a superação da crise, trata-se apenas de uma tentativa de aproveitamento da situação para agravar a condição dos mais fracos.
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A França não é Portugal. Juro!

Não é uma questão de a realidade ultrapassar a ficção. A realidade é a ficção:

"L’Elysée a assuré, dimanche 28 novembre, que la France n’est a priori pas menacée par la crise des dettes souveraines européennes. Elle ne se situerait pas “dans la même catégorie” que l’Irlande ou le Portugal, a déclaré la présidence de la République."

Manifestamente, não há entre esta gente um só exemplar que entenda um mínimo de comunicação.

Disto é que eu suponho que poucos estariam à espera

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Evolução dos juros da Itália a 10 anos


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29.11.10

Das bail-out

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A taxa média ponderada da operação organizada pela UE para socorrer a Irlanda é de 5,85% (0,05 pp podem parecer uma mesquinhez, mas trata-se na realidade de muito dinheiro). Como o FMI vai emprestar a uma taxa a rondar os 5%, deduz-se que o custo da liquidez cedida pelos amigos da zona euro ficará próximo dos 7%.

É caso para dizer que, com amigos ferozes como estes, a Irlanda talvez preferisse lidar exclusivamente com inimigos. Acontece que não pode, porque a própria intervenção do FMI exige o aval prévio da chanceler Ângela Hamlet.

Que fez de mal a Irlanda para merecer tal tratamento? Durante duas décadas comportou-se como o inultrapassável bom aluno: liberalizou por completo o mercado de trabalho, retirou todos os obstáculos à entrada e saída de capitais, baixou os impostos até ao limite (com destaque para os que incidem sobre os capitais), cortou nas despesas públicas para compensar a quebra de receitas fiscais.

Transformou-se num gigantesco esquema off-shore, a ponto de quase 1/4 do seu PIB não contribuir um cêntimo para o Rendimento Nacional. Alguns êxitos efectivos na economia produtiva foram rapidamente submergidos pela maré alta da especulação financeira e imobiliária que, por um tempo, pareceu transformar o país no mais rico da rica zona euro.

Que pode agora fazer a Irlanda para perpetuar o seu estatuto de bom aluno. Fazer mais "reformas"? Mas quais, se o receituário foi esgotado?

À Irlanda, como a nós, só resta rezar para que a anunciada catástrofe do euro se agrave tão rápida e dramaticamente que torne inevitável uma inversão de 180 graus na governação económica europeia.

Do que precisamos, afinal, é da iminência de um desastre tão completo e total que nem tribunal constitucional alemão nem BCE tenham força para se oporem à necessária união fiscal que qualquer zona monetária bem formada requer e sem a qual rapidamente caminharemos para a desagregação da zona euro.
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Quantitative Easing Explained (sorry, no translation)

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28.11.10

O que falhou no realismo socialista?

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26.11.10

Marx no FMI

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"The paper studies how high leverage and crises can arise as a result of changes in the income distribution. Empirically, the periods 1920-1929 and 1983-2008 both exhibited a large increase in the income share of the rich, a large increase in leverage for the remainder, and an eventual financial and real crisis. The paper presents a theoretical model where these features arise endogenously as a result of a shift in bargaining powers over incomes. A financial crisis can reduce leverage if it is very large and not accompanied by a real contraction. But restoration of the lower income group's bargaining power is more effective."

Por outras palavras, M. Kumhof e R. Rancière, dois economistas do FMI, consideram neste Working Paper do FMI que a actual crise tem origens na sobreprodução resultante do alargamento das desigualdades sociais.
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"A Alemanha não é a Holanda!"

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O risco relativo da dívida portuguesa pode ser maior que o da espanhola, porém, sendo a Espanha a 7ª maior economia mundial, é evidente que a eventualidade do seu incumprimento representa um risco absoluto muito maior para zona euro e para o mundo do que o de Portugal.

Tal como existe, o EFSF (European Financial Stability Facility) tem dimensão para socorrer a Grécia, a Irlanda e Portugal, mas não a Espanha.

Mas fará nas actuais condições algum sentido acreditar-se que uma intervenção em favor de Portugal conseguirá evitar a arrepiante possibilidade de contaminação da Espanha? A experiência deste ano sugere que não: em vez de travar a escalada dos juros das dívidas soberanas, o anúncio das operações de salvamento só logrou acirrá-la ainda mais.

É mais que tempo de tirar a conclusão óbvia: a política de saída da crise por via da rápida contração dos défices públicos imposta à UE pelo Partido Popular Europeu fracassou redondamente, dado que não só não conseguiu potenciar o crescimento e a redução do desemprego, como tampouco permitiu travar o endividamento dos estados, das empresas e dos particulares.

Haveria em princípio soluções de recurso: a) monetarização da dívida dos estados pelo BCE; b) emissão de euro-obrigações; c) expansão do orçamento comunitário; ou d) expansão da procura privada e pública nos países que têm folga para isso (a minha opção preferida).

Todavia, o Governo Alemão, o BCE e o Tribunal Constitucional Alemão encarregaram-se de bloquear todas elas. De modo que, nas actuais condições, o mais provável parece ser o colapso sucessivo dos países uns atrás dos outros, sendo já óbvio que a Portugal e à Espanha se seguiriam a Bélgica e a Itália.

Até que, por absurdo, chegaremos ao momento em que a Alemanha terá que demarcar-se da Holanda e da Áustria.

Na ausência de algum golpe de teatro inesperado, apostar contra o euro começa a parecer-me uma opção sensata.

PS: Conjectura-se agora um eventual fraccionamento da zona euro em duas partes, mas não vejo como isso poderia ajudar os bancos do euro1 que emprestaram dinheiro aos países do euro2. Tenham um excelente fim de semana.
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25.11.10

Portugal não é a Espanha

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O que Portugal tem que fazer é esconder-se sempre atrás de um maior pecador. A Grécia e a Irlanda cumpriram a contento essa missão. É agora a vez da Espanha.
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Espanha, o tal país cujo risco tinha descolado de Portugal

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24.11.10

A chanceler Brunilde explica aos Nibelungos como é grave a situação do Euro

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23.11.10

Um verdadeiro profissional

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22.11.10

Momento de verdade

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A microeconomia postula que a maximização do lucro é o propósito essencial de qualquer empresa. Mas o que deve um gestor fazer no dia a dia para maximizar o lucro? Espremer até à última os fornecedores? Iludir a confiança dos consumidores? Explorar tanto quanto possível os trabalhadores? Serão isso formas recomendáveis e legítimas de uma empresa prosperar?

A verdade é que nenhuma boa empresa é gerida desse modo. Na prática, esse objectivo não é sequer operacional para um empreendimento tão sui generis como a pirataria na Somália, quando para mais para actividades de grande impacto social.

Bem pelo contrário, o estudo das boas práticas de gestão (vide Built to Last e Good to Great, de Jim Collins) revela que as empresas mais rentáveis não são aquelas que mais se focalizam na rentabilidade, mas na inovação de produtos e processos, no respeito pelos consumidores, na qualificação dos colaboradores, na construção de redes de fornecedores competentes e por aí fora.

Logo, o dogma da maximização do lucro, em vez de reflectir adequadamente a realidade e de ajudar os estudantes a entenderem como funciona a economia, serve apenas para justificar comportamentos anti-sociais, tais como as decisões de fuga aos impostos que algumas grandes empresas portuguesas anunciaram nos últimos dias. Não se trata de ciência, mas de apologia.

Quem as toma consegue atrair talvez investidores à procura de rendimentos fáceis, mas não investidores estratégicos que confiam numa visão sólida e numa gestão qualificada e persistente do negócio.

PT, Portucel e Jerónimo Martins estão a dar ao país e ao mundo a mais crua e auto-destrutíva imagem de si próprias que é possível conceber-se. Chama-se a isso momento de verdade.
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21.11.10

A tragédia na era da modernidade tardia

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Mourinho é presentemente um dos principais obstáculos à transformação do futebol em mero entretenimento segundo o modelo americano do desporto.

Não desvalorizando a competência técnica (sem a qual jamais conseguiria ter o impacto que tem), o seu principal mérito reside na revalorização da dimensão bélica do futebol, inseparável do sentimento de comunidade clubista e do propósito mais ou menos irracional de uma vitória sem outro propósito que não seja ela própria.

A prova: até um clube de meninas como o Real Madrid se rendeu em escassíssimas semanas a essa visão centrada no apelo à mobilização total e sem condições.

O futebol como tragédia resiste porque funciona muito bem como emblema de oposição a muitas outras coisas que de forma mais ou menos conscientes nos recusamos a aceitar como normais e desejáveis no mundo disforme que habitamos.

Esta capa da Marca desta semana é simultaneamente o maior triunfo que Mourinho poderia ambicionar e o mais eloquente manifesto de uma forma de viver um desporto que é muito mais do que apenas ele.
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20.11.10

Might is right

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As mesmíssimas pessoas que constantemente bramam contra o relativismo moral aplaudem com entusiasmo as empresas que agora antecipam a distribuição de dividendos para se esquivarem ao pagamento de impostos agravados no próximo ano.

Argumentam elas, em primeiro lugar, que as empresas assim procedem porque podem, e que contra isso não há nada a fazer. Claro que podem, a questão é saber se devem.

Uma segunda linha de argumento amoral afirma que os gestores das empresas têm o dever de proteger os direitos dos seus accionistas mediante um adequado planeamento fiscal, e que é apenas isso que estão a fazer.

Isto implica que as empresas não têm responsabilidades em relação à comunidade em que se inserem, ou, pelo menos, que os accionistas devem ter sempre prioridade sobre ela.

Numa situação de emergência nacional, quem puder escapar a cumprir os seus deveres para com o país não deve ser criticado por agir desse modo. A única norma ética que conta para essa gente, é, pois: "safa-te como puderes".

Um dia, quando os que agora estão na mó de baixo tiverem a faca e o queijo na mão, ouviremos os gemidos destes valentes empresários queixando-se da injustiça de que são vítimas. Já aconteceu no passado, pode voltar a acontecer.
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18.11.10

The Association: Windy

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17.11.10

Trampolinice epidémica: prevenção, detecção e cura

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"Os portugueses tendem a ser solícitos e carinhosos com familiares e amigos, porém suspeitosos ou mesmo hostis perante estranhos.

"Este facto de observação quotidiana é confirmado por estudos comparativos periodicamente conduzidos pela OCDE: não só a confiança interpessoal é muito baixa em Portugal, como tem vindo a deteriorar-se mais rapidamente do que nos outros países nas décadas recentes. Falo, note-se bem, da confiança das pessoas umas nas outras, não nas instituições políticas."

Começa assim o meu artigo desta semana no Jornal de Negócios, inspirado por um debate intravenoso entre Jugulares.
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Reestruturação ou liquidação

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Algumas sugestões sensatas para uma estratégia de reestruturação das dívidas da Grécia e da Irlanda no Baseline Scenario. Eis um extracto:
"If Greece’s reform program included a write-down of 50% (in net present value) on its debts, and they received an additional 20% of GDP in bridge financing over the next three years, its debt burden in 2013 would be a comfortable 80% of GDP. As Greek debt already trades below face value, the total additional losses to creditors could amount to 35% of debt, or approximately 100bn euros. Ireland is smaller so total costs should be less. This debt relief could be conditional on successful implementation of IMF monitored programs, similar to traditional Paris Club debt restructurings. Fears that debt relief could spark panic selling and contagion in other debt markets can be arrested through temporary interventions by the ECB, and the EU needs to publicly declare strict criteria when debt restructuring may occur.

"Opponents to debt relief for Greece and Ireland are wrong to think that Europe’s current strategy makes Europe safe from systemic collapse. The implied risk of default on Spanish, Italian and Portuguese debt rose sharply during the last month as concerns over Ireland and Greece spread, and this in turn caused yields on related bank debts to soar. The potential economic time bombs left in Europe’s periphery are growing. They can and must be resolved. Otherwise the economic and political risks might become overwhelming."
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O homem é de facto um animal fascinante

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"Vim parar por acaso a este tópico, devido aos "Castro Portugal" de Gaia – família que me interessa para os séculos XVIII e XIX, por diversos motivos.

"Atendendo à listagem exaustiva que colocou dos filhos do Capitão Custódio dos Reis e Ana Joaquina de S. José (onde surge uma Maria Maurícia dos Reis), venho perguntar-lhe o seguinte:

"1 - Tem conhecimento de alguma Ana Maurícia dos Reis (nascida talvez em finais do século XVIII ou nos primeiros anos do século XIX), casada com Manuel Francisco dos Reis (supostamente de Valadares). Eles tiveram pelo menos uma filha, chamada Maria Maurícia dos Reis - minha tetravó. Ainda não tive oportunidade de estudar este ramo familair e ficaria muito satisfeito se pudesse entroncar a minha quinta avó Ana Maurícia dos Reis na família dos Castros, pois tonraria a pesquisa futura mais segura.

"2 – O filho n.º 5 da sua lista - António dos Reis Castro (nascido a 5 de Abril de 1769 em Gulpilhares e falecido em 5 de Setembro de 1833 em Valadares, onde casou a 9 de Julho de 1791, com Luísa Antónia Pinto, desta freguesia) é o mesmo António dos Reis Castro que vivia na Quinta da Fábrica do Papel, junto à praia de Valadares? Tem mais dados sobre este António dos Reis Castro?

"3. – Pode-me confirmar se o Capitão Custódio dos Reis, marido de Ana Joaquina de S. José, é o mesmo que o Capitão de Ordenanças Custódio dos Reis Castro, de Canidelo, o qual reformou-se em 1793? Em caso afirmativo, pode-me também confirmar se este Custódio dos Reis Castro era parente dos Castros moradores na Quinta do Paço, em Canidelo?"
Lido aqui, na sequência de um aviso que recebi no Google Alert. E ainda:
"A partir dos dados que o Costa Gomes transcreve é impossível chegar lá, pois ele faz confusão entre três ou mais indivíduos da mesma família. Ele fala de um Fernão Camelo de Miranda, 1º Morgado de Vilar do Paraíso, militar, Governador de São Tomé, etc, casado com D. Maria de Castro, filha de D. João de Castro, 4º Vice-rei da Índia. Ora, tudo isto é falso, ou melhor, impreciso, e passo a explicar:

"1º- o 1º Morgado chamava-se Fernão Camelo, e não Camelo de Miranda. O autor confundiu com o segundo ramo desta família, que herdou o morgado depois do primeiro ramo se extinguir. Um descendente de um irmão de Fernão Camelo, chamado Gonçalo Pinto de Miranda, mudou de nome para suceder, passando a usar o nome Fernando Camelo de Miranda. Este nome repete-se em pelo menos outros seis seus descendentes, por vezes combinado com outros nomes, como Castro, Pinto ou Sarmento.

"2º- não sei se conhece o túmulo destes Fernão Camelo e D. Maria de Castro, em Vilar do Paraíso. Sobre o túmulo da senhora está um brasão de Castro, de 13 arruelas. D. João de Castro, o Vice-rei, era dos Castros de 6 arruelas! D. Maria de Castro era dos chamados Castro de Resende e não tinha nenhuma ligação ao Vice-rei.

"Consultei muitos livros, mas a maior parte da árvore pode ser encontrada no Felgueiras Gayo. Eis a minha humilde contribuição genealógica:

"Aires de Miranda, casado com Joana Brandão Camelo, filha de Nuno
Camelo, sobrinha do referido Fernão Camelo e de D. Maria de Castro. Foram pais
de Fernando Camelo de Miranda, casado com Maria Pinto (ou Pinto da Fonseca, ou
Pinto de Sousa), pais de Gonçalo Pinto de Miranda. Este entrou em demanda com a
Misericórdia de Lisboa e, para suceder como Morgado aos seus parentes, mudou o
nome para Fernando Camelo de Miranda Pinto e Castro, o 1º deste nome. Casou 1ª
vez com Brites Carvalhais, e casou 2ª vez com Brites de Macedo, de quem teve
Fernando Camelo de Miranda Pinto e Castro, o 2º, que casou com Mariana de
Vasconcelos, e foram pais de Fernando Camelo de Miranda Pinto e Castro, o 3º.
Este casou com Maria Luísa Pinto de Carvalho, de quem nasceram Fernando Camelo
de Miranda Pinto e Castro, o 4º, sem sucessão, e D. Maria Camelo de Miranda
Sarmento Pinto e Castro, que sucedeu a seu irmão como Morgada. Casou com Manuel Soares Ferreira (acho que era assim que se chamava), e foram pais de Fernando Camelo de Miranda Sarmento Pinto e Castro, o 1º deste nome, com geração bastarda, que, por ser ilegítima não podia suceder no Morgadio (era essa uma das leis fundamentais dos Morgadios, para além da obrigatoriedade da perpetuação dos
apelidos dos instituidores). Assim, o seu irmão Francisco Xavier Camelo de
Miranda Sarmento Pinto e Castro (que também usava outros nomes como Francisco
Xavier de Castro ou Francisco Xavier Camelo de Miranda) sucedeu como Morgado.
Era casado com Ana Pinto de Noronha, de quem teve Fernando Camelo de Miranda
Sarmento Pinto e Castro, o 2º.

"Este casou com Feliciana Maria da Conceição, e foram pais de, entre outros,
Fernando Camelo de Miranda Sarmento Pinto e Castro, o 3º, Cadete de Infantaria e
que era solteiro em 1776.

"Até aqui está tudo no "Nobiliário" do Felgueiras Gaio, que foi escrito mais ou
menos nessa época. O que acontece é que Fernando Camelo de Miranda Sarmento
Pinto e Castro, o 3º, casou depois do Felgueiras Gaio ter compilado a sua obra,
por isso não aparece o casamento nem a descendência dele. Assim seguimos:

"Fernando Camelo de Miranda Sarmento Pinto e Castro, o 3º, último Morgado de
Vilar do Paraíso, casou com D. Maria Clara Baldaia de Menezes e Tovar, filha de
João Álvares Pamplona Carneiro Rangel e de Maria Clara Baldaia de Tovar. Estes
foram pais de D. Maria Januária Camelo de Miranda de Castro Sarmento, casada com José de Castro Portugal, por sua vez pais de D. Ana dos Reis Castro Portugal.

"Alguns dos nomes podem não coincidir ou variar na organização dos apelidos, mas acho que na generalidade está tudo mais ou menos certo."
O trabalhão que estas pessoas tiveram...
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15.11.10

A nossa táctica

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Ninguém é obrigado a ler manifestos que ameaçam confundir-lhe as ideias e perturbar-lhe a estabilidade emocional - a não ser, é claro, que tencione pronunciar-se sobre eles.

Rui Moreira visivelmente nunca passou os olhos pelo manifesto que há mais de um ano o João Galamba e eu (entre outros) assinámos; de outro modo, não se atreveria a criticá-lo por defender "obras megalómanas do regime" que nem sequer menciona.

Quanto à nossa posição sobre os arranjos monetários europeus, que visivelmente não entende, resumir-lha-ei numa linguagem mais acessível dizendo-lhe que consideramos a marcação à zona preferível à marcação homem a homem.
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O Rap da Guerra Cambial

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12.11.10

É mais ou menos isto que o Teixeira dos Santos anda a fazer com os mercados

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O mundo mudou

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O mundo voltou a mudar subitamente nos últimos 15 dias. Ora vejam:

1. Angela Merkel acha que é preciso contrariar os mercados.

2. Artur Santos Silva apela à união patriótica entre os portugueses.

3. José Maria Ricciardi critica as agências de rating.

4. Vítor Bento pensa que há um problema geral da zona euro.

5. O PSD opina que é preciso pôr cobro à politiquice provinciana.

Nota dissonante: Cavaco Silva considera que criticar as iniciativas irresponsáveis de Merkel e Sarkozy é "fazer batota". Leram bem: "fazer batota".
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10.11.10

Não é preciso fazer-lhe testes para descobrir que o homem é maluco

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Abaixo o governo!

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Aumenta o número de pessoas que se perguntam para que serve a greve geral à medida que se aproxima o dia 24 de Novembro.

Seria um colossal desperdício de energias se se tratasse apenas de uma acção de protesto.

Será seu objectivo forçar uma inflexão das actuais políticas financeiras? Ninguém acredita que isso seja nas actuais circunstâncias viável. Pretende derrubar o governo? E aquele que eventualmente se lhe seguisse faria diferente, para já não dizer melhor?

A nossa política financeira (e parte da económica) é hoje ditada pelo Banco Central Europeu, pelo Ecofin e pela Comissão Europeia, quando não directamente por Angela Merkel e Wolfgang Schaube.

Esse governo efectivo da União Europeia tem duas características centrais: não possui qualquer mandato popular para tomar as decisões que toma; e aplica a política do Partido Popular Europeu, a que pertencem o PSD e os partidos no poder numa larga maioria de países europeus.

Logo, para a greve geral ter sentido, deveria denunciar a usurpação do poder económico-financeiro na UE por instâncias democraticamente irresponsáveis e inscrever no topo das suas exigências a reforma da governação da zona euro.

Abaixo o governo do Partido Popular Europeu!
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De que serve estudar história?

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Não percam este magnífico artigo do Simon Schama no Guardian:
"The seeding of amnesia is the undoing of citizenship. To the vulgar utilitarian demand, "Yes, all very nice, I'm sure, but what use is it?", this much (and more) can be said: inter alia, the scrutiny of evidence and the capacity to decide which version of an event seems most credible; analytical knowledge of the nature of power; an understanding of the way in which some societies acquire wealth while others lose it and others again never attain it; a familiarity with the follies and pity of war; the distinctions between just and unjust conflicts; a clear-eyed vision of the trappings and the aura of charisma, the weird magic that turns sovereignty into majesty; the still more peculiar surrender to authority grounded in revelation, be that a sacred book or a constitution invoked as if it too were supernaturally ordained and hence unavailable to contested interpretation."
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O risco do proteccionismo, coiso e tal...

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O que há de errado com o QE2

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9.11.10

O Nilo, à noite

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Isto existe mesmo

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5.11.10

É tempo de começarmos a pensar noutra coisa

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Extractos de um lúcido artigo de Samuel Brittan no FT de hoje:
"Indeed, the insistence of the German government on impossibly severe fiscal policies makes one wonder if it really wants the euro to continue in its present form. Wolfgang Schäuble, the German finance minister, has said: “Should a eurozone member ultimately find itself unable to consolidate its budgets or restore its competitiveness, this country should as a last resort exit the monetary union while being able to remain a member of the EU.” It is not a very profound insight that if one country were to exit, the financial spotlight would turn on the most vulnerable of the remaining members.

"(...) unit labour costs have risen in the decade of the euro’s existence by about 30 per cent relative to Germany. It could be that these indices give an excessive weight to manufacturing, but this is too slender a thread on which to base an optimistic outcome. I admit to having thought it possible that the euro itself might have prevented these historical differentials from reasserting themselves. But they are back. Even the Greek colonels, Franco, Mussolini or Salazar would have been hard put to reduce nominal wages on the scale required.(...)

"Many German citizens would love to have the D-Mark back. Southern Europeans no doubt share the human desire to have their cake and eat it; but in the end they will surely welcome the chance to regain control of their own destinies rather than face an indefinite period of stagnation and falling living standards. I cannot speak for France. But surely one day even its leaders will realise that none of the ingenious currency plans they have been producing for the last few decades will give them the whip hand over Germany they so desire."
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4.11.10

EMU itself caused this crisis

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Verdades que os nossos provincianos não entendem:
"Ireland got into the mess because real interest rates set by the ECB for German needs were minus 2pc for much of the last decade, with utterly predicitable and calamitous results. Could any Irish government have adopted policies – financial repression, fiscal tightening, etc – to offset such idiotic interest rates? Perhaps, at a stretch. But the unbearable truth is that EMU itself caused this crisis."
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3.11.10

O que querem os mercados

Lido aqui, como comentário a um post sobre a especulação contra a dívida irlandesa:

The markets want money for cocaine and prostitutes. I am deadly serious.

Most people don’t realize that “the markets” are in reality 22-27 year old business school graduates, furiously concocting chaotic trading strategies on excel sheets and reporting to bosses perhaps 5 years senior to them. In addition, they generally possess the mentality and probably intelligence of junior cycle secondary school students. Without knowladge of these basic facts, nothing about the markets makes any sense—and with knowladge, everything does.

What the markets, bond and speculators, etc, want right now is for Ireland to give them a feel good feeling, nothing more. A single sharp, sweeping budget would do that; a four year budget plan will not. Remember that most of these guys won’t actually still be trading in four years. They’ll either have retired or will have been promoted to a position where they don’t care about Ireland anymore. Anyone that does will be a major speculator looking to short the country for massive profit.

In lieu of a proper budget, what the country can do—and what will work—is bribe senior ratings agencies owners and officials to give the country a better rating. Even a few millions spent on bumping up Ireland’s rating would save millions and possibly save the country.

Bread and circuses for the masses; cocaine and prostitutes for the markets. This can be looked on a unethical obviously, but since the entire system is unethical, unprincipled and chaotic anyway, why not just exploit that fact to do some good for the nation instead of bankrupting it in an effort to buy new BMWs for unmarried 25 year olds.

O post original também se recomenda.

2.11.10

E agora vejam este, que mede o grau de confiança no funcionalismo público

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Fonte: University of Birmingham.
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Uma tragédia silenciosa

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Este gráfico representa a variação dos níveis de confiança inter-pessoal do primeiro para o mais recente inquérito realizado pela OCDE.

Procurem Portugal.
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Simpsons by Banksy

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Que fazer com o Google?

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Descoberto no Webmania.
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Um gráfico que os nossos jornalistas económicos parecem ignorar

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Para perceber melhor a política americana

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Não há estados democráticos, apenas cidades democráticas.
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A Alemanha deveria ser obrigada a pagar-nos indemnizações de guerra

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É claro que as provincianas intrigas dos nossos partidos em torno da aprovação do OE não ajudam. E ainda podemos dar graças a Deus por os credores internacionais não estarem a par da grande aceitação de que por cá desfrutam as espertezas saloias da oposição que o professor Marcelo exalta na TV.

Mas o aumento dos juros das dívidas portuguesa e irlandesa que ontem ocorreu não encontra aí a sua justificação principal. Como já várias vezes este ano aconteceu, a agitação nos mercados tem a sua origem imediata mais em acções e declarações de responsáveis políticos europeus do que nas notações das agências de rating.

Neste momento, a perturbação resultou directamente das exigências franco-alemãs de alteração da governação económica da UE a par das notícias dando conta das dificuldades que Grécia e Irlanda (cedo teremos novas da Espanha) estão a ter para cumprirem as metas que lhes foram impostas.

Ora, se sem revisão do Tratado de Lisboa não haverá renovação do fundo permanente de auxílio aos países em dificuldades, e se a revisão se afigura a qualquer pessoa mentalmente sã morosa ou impossível, então é de concluir que, podendo não existir qualquer mecanismo de apoio quando ele vier a revelar-se necessário, está de novo em causa o futuro da zona euro.

A nova subida das taxas de juro das dívidas soberanas na periferia deve-se, pois, antes de mais, à falta de sensatez da chanceler Merkel, uma artista do arame que carece de elegância e sentido de timing.
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O que nos motiva para trabalhar bem

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