4.7.12

Uma tragédia nacional

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Agilidade é uma palavra bonita, que angeliza qualquer trambolho pesadão, desses que atrapalham a já difícil vida do cidadão comum.

Todos gostamos de saber que se tornou mais fácil e rápido obter o passaporte, registar uma empresa, pagar os impostos ou obter uma licença. Todos comungamos da mesma hostilidade em relação à burocracia que exige mais um papel, mais uma assinatura, mais um carimbo.

Porque não se varre então de uma vez por todas os inúmeros escolhos que nos infernizam a vida, tolhem os movimentos e afundam a produtividade? Há aí alguém que se oponha

O drama, como o caso da licenciatura de Relvas nos vem recordar, é que, ao menor sinal de agilização, temos grupos de trafulhas a tirar partido da situação para montar uma barraquinha de atribuição de diplomas, poluir descontroladamente o ambiente, ocupar reservas naturais, escravizar trabalhadores.

De modo que, nestas alturas, o mesmíssimo cidadão que aborrece a burocracia com todas as suas energias dá consigo a exigir mais controlos e mais fiscalização.

É esta uma tragédia nacional que explica muita coisa e que tem as suas raízes na fragilidade das instituições, cujos dirigentes com demasiada facilidade e impunidade cedem às pressões de amigos e conhecidos para dar um jeito.

Como é que se resolve o problema? Isso gostaria eu de saber.
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